"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

COLUNA DO MARCEL - O Valmizismo presente no boteco do Baixinho




Nos últimos dias o Boteco do Baixinho tem apresentado um quórum privilegiado. É bom que diga, o boteco continua o mesmo, bebida gelada, um sanduiche da melhor qualidade e o proprietário com o atendimento de sempre, entretanto a clientela mudou bastante. Do antigo reduto petista da Cidade Nova, resta pouca coisa, a começar pelo espaço, que não é mais um trailler e não há aquela professorada que andava de bicicleta.

Hoje, os frequentadores são mais diversificados, aliás, essa mudança já era notada há alguns anos, com o convívio pacífico e harmonioso da esquerda festiva, a raivosa, a engoveira, os novos convertidos, os que recitavam Marx de trás pra frente e a direita barulhenta que adorava um auê e de quebra queria o PT definitivamente fora do Morro dos Ventos.

Eram outros tempos e outras noites, regadas a violão e uns bons dedos de prosa. Em tom de chacota, um amigo blogueiro costumava dizer que ali se reunia a elite intelectual e emergente da cidade. Era verdade. De repente dividiam mesa Wanterlor Bandeira, Zedudu, Maurício Jordy, Leo Mendes, Hipólito Reis, Willian Bayerl, Chico Brito, Prof Wagner, Tadeu e esse escriba. Salvo alguns arranca-rabos, o que por si só revelava que a unanimidade nunca fora a marca registrada do boteco, a paz reinava, mas era algo surreal, interrompida apenas pelo toque de recolher do Baixinho, anunciando que a farra acabara, “vou fechar, porque amanhã é dia”, costumava dizer, à guisa de um forçado boa noite. Pela vontade da clientela recalcitrante, o boteco se transformava num imenso Café Nice. 

Sinal dos tempos. O boteco continua frenético e com uma ebulição de causar inveja a uma panela de pressão desgovernada, mas, a esquerda ligada ao PT anda sumida. Será que desapareceu ou se converteu ao ideário capitalista, representado pela vitória acachapante do 55? Sabe-se que os verdadeiros petistas estarão muito atarefados em reconstruir o partido, destroçado por anos de desmandos e jogadas ensaiadas. Já os neo petistas sumirão na poeira das ruas e alguns passarão olho de peroba na cara e se converterão ao Valmizismo e serão mais reais dos que os ingleses. 
Por enquanto o que se sabe é que o Valmizismo está na moda , mas, está apenas engatinhando; ninguém sabe ao certo onde vai dar. O boteco é apenas uma amostra. 

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