UM TIRO NO PÉ
Há menos de quatro dias para o final do processo
eleitoral, uma notícia abala a terrinha; uma aeronave, advinda da capital do
Estado aterra no aeroporto de Carajás. No seu interior, três bolsas com mais de
R$ 1 milhão de reais, supostamente para os dias finais da campanha política de
um determinado candidato.
Evidentemente que a notícia correu como rastilho de
pólvora e se as chances já eram poucas, se tornaram escassas, quase zero depois
do furdunço verificado.
Apesar dos indícios claros como água, no mesmo dia
surgiram novas versões que podem até explicar, mas não justificam em absoluto,
ao contrário, colocaram a nu uma história que já se sabia contumaz nas rodas
palacianas. Ainda naquele dia do voo rasante da aeronave, toda cidade comentava
o crime eleitoral que seria perpetrado, tingindo de vergonha o processo
eleitoral, que a bem da verdade, só não está irremediavelmente avacalhado por
obra e graça da atuação segura do juiz eleitoral, Líbio Araújo Moura.
Num rompante de cinismo chegaram a imputar o eventual
crime ao adversário, numa covardia
poucas vezes vista. Para limpar a barra de alguns uma empresa chegou a assumir
a paternidade de uma criança, ainda que ele fosse feia de doer.
A coisa caminhava para um final melancólico (ainda que
para a população, o culpado já tivesse nome e sobrenome), quando de repente,
não mais que de repente, os jornais de fora, como o Correio do Tocantins, O
Liberal, Diário do Pará e Folha de São Paulo escancararam a linha de
investigação do Policia Federal e o que já haviam apurado até aquele exato
momento.
Primeiramente apuraram que o casal que transportava o
dinheiro era primo de um alto funcionário da prefeitura que operava há muito
tempo; depois do interrogatório, os
envolvidos disseram que o dinheiro era mesmo para a campanha em questão,
mais ainda, quem estava no saguão do aeroporto era o coordenador geral da
campanha do retromencionado candidato e ao ver a casa cair, com a chegada do
juiz e da polícia tratou de se mandar. A última dedução da polícia foi que o
dinheiro seria para uma possível boca de urna.
Depois disso aí, nem precisa dizer que a coisa virou de
ponta cabeça e as pequenas chances despencaram a ponto dessa candidatura não
valer mais uma masca de fumo ruim. Seria aquilo que os expertes de economia
chamar de viés de baixa.
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