Os Estados Unidos da América escolheram ontem (08), o 45º presidente da sua história. Trata-se do mega empresário Donald Trump (70), que surpreendeu o mundo e levou uma eleição cuja favorita era a secretária de estado Hillary Clinton.
Por volta das 06 horas o empresário conseguiu reunir mais de 270 delegados, o que na prática lhe dava a vitória,. Ainda falta apurar os votos de alguns estados, mas a vitória de Trump já está sacramentada.
O resultado da eleição nos Estados Unidos derrubou os
mercados de ações pelo mundo. A bolsa de valores de Tóquio perdeu mais de 5% e,
na Europa, os principais índices abriram o dia em forte queda. O índice geral
da Bolsa de Valores de Londres, o FTSE-100, por exemplo, abriu em baixa de
2,12%.
AZARÃO
De temperamento explosivo e sem experiência política
anterior, o bilionário republicano de 70 anos superou todos os prognósticos e
se impôs como um forte adversário.
Começou a disputa como azarão, concorrendo com diversos
outros pré-candidatos republicanos pela indicação do partido e com muitos
analistas duvidando que ele pudesse alcançar a nomeação.
Com discursos centrados nas frustrações e inseguranças dos
americanos num mundo em mutação, tornou-se a voz da mudança para milhões deles.
Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do
Queens, Trump é o quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de
origem alemã, e Mary MacLeod, uma dona de casa de procedência escocesa. É
casado, pela terceira vez, com a ex-modelo eslovena Melania Trump. Tem cinco
filhos e seis netos.
CARREIRA
Graduou-se em 1964 na Academia Militar de Nova York, onde
alcançou a patente de capitão e vislumbrava seu destino: "Um dia, serei
muito famoso", comentou então ao cadete Jeff Ortenau. Formou-se em
Economia na Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia e em 1971 assumiu as
rédeas da empresa familiar, Elisabeth Trump & Son, dedicada ao aluguel de
imóveis de classe média nos bairros nova-iorquinos de Brooklyn, Queens e Staten
Island.
Optou por construir torres luxuosas, hotéis, casinos e
campos de golfe. Já nos anos 1980, tinha em construção diversos empreendimentos
na cidade, incluindo a Trump tower, o Trump Plaza, além de cassinos em Atlantic
City, em Nova Jersey.
O jovem Donald Trump (ao centro) (Foto: Reprodução/TV Globo)
Trump gosta de dizer que começou seus próprios negócios
modestamente, com “um pequeno empréstimo de US$ 1 milhão” de seu pai.
Em 1996, comprou os direitos dos concursos Miss USA, Miss
Universo e Miss Teen, tornando-se seu produtor executivo. Oito anos mais tarde,
tornaria-se figura pública ainda mais conhecida ao virar apresentador do
programa “The Apprentice”, em que tinha o poder de demitir os participantes.
DENÚNCIAS DE ASSÉDIO
A campanha eleitoral de 2016 foi considerada uma das mais
sujas da história, com acusações e bate bocas entre os dois principais
candidatos e na qual mais se falou de defeitos dos concorrentes do que de
propostas para o país.
Uma das maiores polêmicas envolvendo Trump foram as
denúncias de assédio sexual por mulheres. Algumas relatam que o republicano as
beijaram a força, outras dizem que ele colocou as mãos por baixo de suas saias,
para tocá-las.
Seis casos foram divulgados após o jornal "Washington
Post" divulgar um vídeo em que Trump faz comentários sobre como apalpa
mulheres sem seu consentimento. Na gravação, o candidato usa termos vulgares
para se referir a mulheres.
O caso gerou mais críticas e retiradas de apoio ao
candidato, inclusive por parte de republicanos, e fez com que grandes doadores
de sua campanha pedissem o dinheiro de volta. Trump nega todas as alegações.
MURO NO MÉXICO
Sua postura em relação à imigração também repercutiu em todo
o mundo. Ele defendeu a construção de um muro na fronteira com o México para
impedir a entrada de imigrantes nos EUA. No dia em que apresentou sua
candidatura, ele disse:
“Quando o México manda gente para os EUA, eles não estão
mandando os melhores... eles estão mandando pessoas que têm muitos problemas e
estão trazendo esses problemas para nós. Eles estão trazendo drogas, estão
trazendo crime, estão trazendo estupradores, e, alguns, presumo, são boas
pessoas”.
Trump prometeu ainda banir os muçulmanos e expulsar todos os
imigrantes ilegais que já estão nos EUA, cerca de 11 milhões de pessoas,
afirmando que aqueles que comprovarem ser “boas pessoas” serão aceitos de volta
de forma legal.
Outras propostas feitas pelo republicano foram o fim do
Obamacare, o aumento dos impostos de empresas que deixarem o país e a ampliação
dos poderes dos donos de armas que querem se defender.
IMPOSTOS
Os impostos de Trump se tornaram um grande tema da campanha
depois que o jornal "New York Times" divulgou parte do seu imposto de
renda de 1995 e estimou que Trump provavelmente não pagou impostos por vários
anos. O empresário celebridade do setor imobiliário, que é o primeiro candidato
em décadas a se recusar a divulgar o seu imposto de renda, não negou a
reportagem. Mais tarde, ele disse que tinha “usado brilhantemente” o sistema fiscal
norte-americano a seu favor.
Antes disso, durante o primeiro debate presidencial com
Hillary, ao responder às acusações dela sobre não pagar impostos federais, o
empresário disse que isso o faria “esperto”.
Suas declarações e propostas provocaram um mal-estar entre
políticos republicanos e um racha no Partido.
Apesar de afirmar ter US$ 10 bilhões, sua fortuna foi
estimada em US$ 4,5 bilhões pela Forbes.
Durante a campanha e nos três debates presidenciais – um
deles bateu o recorde da audiência –, os dois protagonizaram bate-bocas e
trocaram comentários ácidos, que contribuíram para a fama do clima de baixo
nível.
Trump chamou Hillary de “nasty woman" (mulher
repugnante ou mulher nojenta) e disse que se fosse eleito prenderia a
democrata, que acusou de ser mentirosa e corrupta. Em um comício, sugeriu que a
candidata se drogava antes dos debates. Ao ser questionado em um debate se iria
aceitar o resultado da eleição, independente de qual seja, Trump disse iria
"olhar isso na hora", reafirmando sua teoria de que há fraudes no
processo eleitoral americano e acusando a imprensa de desonestidade. Depois,
durante um comício, disse que reconheceria o resultado “se ganhar”. Nos EUA, é
de praxe que o candidato derrotado reconheça a derrota.
Hillary chamou os eleitores de Trump de “deploráveis”, e
depois disse que se arrependeu. Em outra ocasião disse que o republicano chora
“lágrimas de crocodilo”. Também acusou Trump de ser marionete de Vladimir Putin
e provocou o republicano ao dizer que ele é tão saudável quanto o cavalo que o
presidente russo monta.
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