"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sábado, 12 de novembro de 2016

COLUNA DO MARCEL NOGUEIRA - Livro, filme e documentário a respeito de Schindler




Na semana passada, mais exatamente na última sexta-feira, por absoluta falta do que fazer fiquei até umas horas sapeando pela  internet. Depois de atualizar o blog com algumas postagens de cunho político da cidade, entrei no canal You tube. Um documentário de Oskar Schindler me chamou a atenção e quando percebi estava absolvido até a raiz do cabelo na história de um cara que era um poço de contradição e por linhas tortas salvou mais de 1000 judeus de uma morte certa, durante o holocausto da segunda guerra. Já conhecia a história, mas, mesmo assim me emocionei até as lágrimas. Quem quiser ver o documentário ou o filme, o material está disponível no You tube.  

O filme que tem como título A lista de Schindler, de Steven Spielberg trata do mesmo tema e como era de se supor, é muito glamourizado, mas, nem por isso soa piegas, ao contrário, retrata aqueles tempo com muita fidelidade, a começar pelo filme em preto e branco.

Lembro-me que no início dos anos 90 (1991, eu acho), viajei para Altamira, para visitar alguns parentes e recebi como empréstimo duas fitas VHF contendo o filme que acabara de ser lançado. O filme, legendado em português ganhou sete orcar’s e tinha quase quatro horas de projeção.
Dois dias depois continuei minha viagem e já em Uruará, cerca de 200 quilômetros de Altamira vi pela primeira vez o livro com o mesmo nome. Normalmente, o livro é bem melhor do que o filme. Esse retrata os pormenores e bastidores da vida do empresário mulherengo, bom vivant e inescrupuloso, que não raras vezes lançava mão do suborno para oficiais da SS para alcançar seus objetivos.

O documentário é mais real e ouve personagens que viveram intensamente aqueles anos de chumbo em Cracóvia onde o empresário tinha seus negócios que no final da guerra estavam tão arruinados como a a Alemanha nazista. Para salvar os judeus da morte certa, Shindeler não pensou duas vezes e dissipou a fortuna dando dinheiro para os oficiais alemães.

Depois da guerra ele tentou voltar ao mundo dos negócios, mas jamais conseguiu o mesmo sucesso. Perdulário, ele gastava tudo com bebidas mulheres e carteado. Em 1968, os judeus de Shindler criaram uma fundação para que sua memória jamais fosse esquecida e cuidaram de providenciar seu sustento até o final da vida, em 1974, vitimado por um enfarto fulminante. Como era eu desejo, os agradecidos judeus providenciaram a remoção do seu corpo para Jerusalém, onde cercas de 500 pessoas que ele salvara fizeram-lhe uma última homenagem, sepultando-o no Jardim dos Justos, em Israel.  

Schindler provou que na vida todos podem ser o que quiser, boas ou más pessoas. Ele escolheu salvar vidas, no momento em que aquelas vidas, aos olhos de quase todos, não valiam nada.

Em uma das muitas homenagens que recebera após a guerra ele guardava uma medalha inscrita assim: quem salva uma vida, salva o mundo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto Marcel Nogueira