"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Darci Lermen e Valmir Mariano - semelhanças e diferenças


Se as semelhanças aparentes são essas, as diferenças saltam aos olhos. Começam com o número de mandatos conquistados por cada um. Enquanto Darci está a bordo do terceiro mandato, Valmir fracassou na tentativa da reeleição.

Nem só de obras vive a política

Por que Valmir não conseguiu êxito na tentativa de reeleição, quando se sabe que  o cabedal de realizações e obras foi grande?  A impressão que ficou é quem só de obras vive a política. Há outros componentes tão ou mais importantes.

Desde o início do seu governo, o discurso de Mariano era o de preparar o município para o futuro, dotando-o com obras estruturantes. Tornou-se célebre nos seus discursos, a frase “não faço puxadinho”.  E colocando na ponta da caneta, nos quatro anos que passou à frente do município ele realizou bem mais do que qualquer outro que tenha passado pelo Palácio do Morro dos Ventos. Ainda que as 260 obras tenha algo de ficção, fruto da mente voadora de algum marketeiro, Hospital Geral, UPA, Policlínica, escolas e creches, abertura de ruas como a extensão das ruas Belém e 16, duplicação de rodovias, oferta de água tratada etc etc estão aí para os que quiserem ver. Em diversas vezes, o prefeito falara que não fizera mais porque os vereadores o perseguiram e não o deixaram trabalhar. Em parte ele tem razão, mas só em parte. Não se pode esquecer as pixotadas de alguns colaboradores muito próximos dele, razão das muitas “visitas” do Gaeco e da Polícia Federal em Parauapebas.

As realizações que foram o ponto alto do seu governo acabaram por se transformar no seu calcanhar de Aquiles. Para a população, ficou a imagem de um governo preocupado com obras e completamente esquecido das obrigações sociais. Os esforços do prefeito para exigir dos secretários o cumprimento de prazos nas obras eram notórios, assim como era sabido que tão logo a obra era inaugurada e começava a etapa de atender a população o ímpeto do alcaide diminuía ou desaparecia completamente.

O exemplo mais acabado e recente é a revitalização do projeto Pipa (Chamado de Projeto Criar, no governo anterior). Logo que assumiu o mandato, Valmir encontrou uma infinidade de barracões de madeira infestados de ratos e baratas, resíduos dos primeiros governos. Imediatamente foram  construídos novas dependências de alvenaria, com auditório, salas de aula, refeitório, áreas de convivência etc. Alguns meses depois de inaugurado o projeto foi desativado.

A mesma situação aconteceu com o Hospital Geral. Valmir herdou um espectro de concreto na rua A e colocou o seu término como prioridade absoluta. O mesmo aconteceu com a UPA e a Policlínica. Um esforço sobre humano para a conclusão, entretanto, logo após as respectivas inaugurações não se viu o mesmo emprenho e os serviços ofertadas foram tão deficientes que a impressão que se tinha é que se o governo demorasse um pouco mais as casas de saúde seriam fechadas.

Adepto de um bom acordo

Possivelmente Darci Lermen não terminará seu mandato com uma coleção de obras como a deixada pelo antecessor, ao contrário, se o seu histórico de oito anos à frente do município servir de base para previsões futuras, o município terá um governo que não se furtará de conversar com ninguém e  que terá como mantra que um bom acordo é bem melhor do que um grande contenda, mas realizações...

Nesses quatro anos não haverá obras impactantes, até porque o dinheiro no caixa não permitirá grandes ousadias. A bem da verdade, Darci não precisará investir em construção de escolas, hospital, obras estruturantes; quase tudo está razoavelmente pronto. Mas por formação ideológica, o novo prefeito deve dar uma atenção especial ao social e o último final de semana foi um exemplo do que virá. Numa mobilização poucas vezes vista, o prefeito e o seu séquito fizeram um mutirão para deixar em condições de uso a área do Pipa. Ou seja, Valmir construiu e desativou, Darci não construiu, mas revitalizou.

Outra diferença, talvez a mais importante acontece na condução política, Darci é tudo o que Valmir nunca quis, ou nunca conseguiu ser. Aquilo que Darci faz com prazer, como, por exemplo, se misturar com a camada mais pobre da população, Valmir, talvez por retraimento o faz com dificuldade. 

O prefeito atual trafega muito bem em todas correntes políticas e é pragmático ao extremo. Sem o menor remorso, trocou de legenda ao ver que o desgaste sofrido pelo PT poderia atrapalhar o seu projeto político. Hoje ele está a vontade no PMDB e graças a sua habilidade política conseguiu aglutinar em torno de si 15 partidos nas eleições de outubro. Valmir no poder, só conseguiu fechar com sete.

Como se pode ver Há algumas semelhanças entre os dois e muitas diferenças. Valmir gostava de meter a mão na massa e olhava com certo desdém para os políticos. Por outro lado, Darci nunca foi um grande tocador de obras, mas jamais desprezou metiê da política.

O ideal é que se conseguisse uma mistura dessas características num mesmo político, mas aí seria querer demais. Ou um ou outro e a população já fez a sua escolha.

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