Se as semelhanças aparentes são essas, as diferenças saltam
aos olhos. Começam com o número de mandatos conquistados por cada um. Enquanto
Darci está a bordo do terceiro mandato, Valmir fracassou na tentativa da
reeleição.
Nem só de obras vive
a política
Por que Valmir não conseguiu êxito na tentativa de
reeleição, quando se sabe que o cabedal
de realizações e obras foi grande? A
impressão que ficou é quem só de obras vive a política. Há outros componentes
tão ou mais importantes.
Desde o início do seu governo, o discurso de Mariano era o
de preparar o município para o futuro, dotando-o com obras estruturantes.
Tornou-se célebre nos seus discursos, a frase “não faço puxadinho”. E colocando na ponta da caneta, nos quatro anos
que passou à frente do município ele realizou bem mais do que qualquer outro
que tenha passado pelo Palácio do Morro dos Ventos. Ainda que as 260 obras
tenha algo de ficção, fruto da mente voadora de algum marketeiro, Hospital
Geral, UPA, Policlínica, escolas e creches, abertura de ruas como a extensão
das ruas Belém e 16, duplicação de rodovias, oferta de água tratada etc etc
estão aí para os que quiserem ver. Em diversas vezes, o prefeito falara que não
fizera mais porque os vereadores o perseguiram e não o deixaram trabalhar. Em
parte ele tem razão, mas só em parte. Não se pode esquecer as pixotadas de
alguns colaboradores muito próximos dele, razão das muitas “visitas” do Gaeco e
da Polícia Federal em Parauapebas.
As realizações que foram o ponto alto do seu governo
acabaram por se transformar no seu calcanhar de Aquiles. Para a população,
ficou a imagem de um governo preocupado com obras e completamente esquecido das
obrigações sociais. Os esforços do prefeito para exigir dos secretários o
cumprimento de prazos nas obras eram notórios, assim como era sabido que tão
logo a obra era inaugurada e começava a etapa de atender a população o ímpeto
do alcaide diminuía ou desaparecia completamente.
O exemplo mais acabado e recente é a revitalização do projeto
Pipa (Chamado de Projeto Criar, no governo anterior). Logo que assumiu o
mandato, Valmir encontrou uma infinidade de barracões de madeira infestados de
ratos e baratas, resíduos dos primeiros governos. Imediatamente foram construídos novas dependências de alvenaria,
com auditório, salas de aula, refeitório, áreas de convivência etc. Alguns
meses depois de inaugurado o projeto foi desativado.
A mesma situação aconteceu com o Hospital Geral. Valmir
herdou um espectro de concreto na rua A e colocou o seu término como prioridade
absoluta. O mesmo aconteceu com a UPA e a Policlínica. Um esforço sobre humano
para a conclusão, entretanto, logo após as respectivas inaugurações não se viu
o mesmo emprenho e os serviços ofertadas foram tão deficientes que a impressão
que se tinha é que se o governo demorasse um pouco mais as casas de saúde
seriam fechadas.
Adepto de um bom
acordo
Possivelmente Darci Lermen não terminará seu mandato com uma
coleção de obras como a deixada pelo antecessor, ao contrário, se o seu
histórico de oito anos à frente do município servir de base para previsões
futuras, o município terá um governo que não se furtará de conversar com
ninguém e que terá como mantra que um
bom acordo é bem melhor do que um grande contenda, mas realizações...
Nesses quatro anos não haverá obras impactantes, até porque
o dinheiro no caixa não permitirá grandes ousadias. A bem da verdade, Darci não
precisará investir em construção de escolas, hospital, obras estruturantes;
quase tudo está razoavelmente pronto. Mas por formação ideológica, o novo
prefeito deve dar uma atenção especial ao social e o último final de semana foi
um exemplo do que virá. Numa mobilização poucas vezes vista, o prefeito e o seu
séquito fizeram um mutirão para deixar em condições de uso a área do Pipa. Ou seja,
Valmir construiu e desativou, Darci não construiu, mas revitalizou.
Outra diferença, talvez a mais importante acontece na
condução política, Darci é tudo o que Valmir nunca quis, ou nunca conseguiu
ser. Aquilo que Darci faz com prazer, como, por exemplo, se misturar com a
camada mais pobre da população, Valmir, talvez por retraimento o faz com
dificuldade.
O prefeito atual trafega muito bem em todas correntes
políticas e é pragmático ao extremo. Sem o menor remorso, trocou de legenda ao
ver que o desgaste sofrido pelo PT poderia atrapalhar o seu projeto político.
Hoje ele está a vontade no PMDB e graças a sua habilidade política conseguiu
aglutinar em torno de si 15 partidos nas eleições de outubro. Valmir no poder,
só conseguiu fechar com sete.
Como se pode ver Há algumas semelhanças entre os dois e
muitas diferenças. Valmir gostava de meter a mão na massa e olhava com certo
desdém para os políticos. Por outro lado, Darci nunca foi um grande tocador de
obras, mas jamais desprezou metiê da política.
O ideal é que se conseguisse uma mistura dessas
características num mesmo político, mas aí seria querer demais. Ou um ou outro e a população já fez a sua escolha.
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