Sob um calor lancinante, a ministra Dilma Rousseff (PT) abraça uma soldadora e recebe, ao inaugurar uma termelétrica, um presente feito por mulheres trabalhadoras da Petrobras. A seguir, Lula discursa: "Para as mulheres não basta apenas ser a maioria numérica deste país.
As mulheres querem ocupar mais espaço, participar da política. Já não querem mais ser tratadas como objeto de segundo grau (...), de cama e mesa".
Num estúdio de TV, entrevistada num programa voltado a mulheres das classes C e D, a senadora Marina Silva (PV-AC) conta detalhes de como venceu os preconceitos de gênero na família para deixar o seringal e entrar na universidade.
José Serra (PSDB), governador de São Paulo, discursa na inauguração da reforma de um hospital estadual na periferia da capital e recorda suas ações como ministro da saúde, como a criação do programa Mãe Canguru, que ajudaram a humanizar os partos no SUS.
Ao refletir sobre equívocos de campanhas passadas, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) admitiu que piadas machistas lhe tiraram do páreo em 2002 quando, de "saco cheio das perguntas sobre a Patrícia Pillar", disse que o papel dela na campanha era dormir com ele. "Aí pronto: eu virei um machista."
São diários os exemplos de gestos e discursos dos pré-candidatos à Presidência para tentar atrair o voto feminino, que representa hoje, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), quase 52% do eleitorado (68,5 milhões dos eleitores brasileiros). Há dez anos, as mulheres representavam 50,5% do eleitorado e 55,5 milhões de votos.
A entrada de duas candidatas ao Planalto, Dilma e Marina, sendo a petista ancorada numa popularidade de 73% do presidente Lula e segunda colocada nas pesquisas de intenção de votos, aumenta a preocupação dos políticos com a questão do gênero no pleito de 2010.
Estratégias
PT e PSDB devem montar núcleos nas campanhas direcionados ao voto feminino.
Segundo o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), um dos coordenadores nacionais da pré-campanha de Dilma, caberá à ministra escolher o nome de colaboradoras e colaboradores para tratar diretamente da questão do gênero na campanha e no programa de governo.
Dilma tem insistido em enumerar ações e políticas públicas de destaque do governo Lula, como o empenho na aprovação da Lei Maria da Penha, para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Segundo levantamentos feitos pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 24 Estados aderiram ao Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, e houve aumento de 179% da rede de proteção às mulheres vítimas de violência no país (abrigos, defensoria pública, delegacias, juizados especiais).
A pré-candidata deve receber ideias para o programa de governo em maio, quando será realizada a Plenária Nacional de Mulheres do PT. "Vamos criar uma agenda da Dilma com mulheres pelo país", afirmou Layse Morière, secretária nacional de Mulheres do PT.
Já o PSDB, além de invocar a imagem positiva de Serra como ministro da Saúde para cativar votos entre mulheres de baixa renda, vai defender ações que visem a reduzir as diferenças salariais entre homens e mulheres e distorções de gênero no meio profissional.
"Fico feliz da vida de termos duas mulheres candidatas, mas não é por ser mulher que tem de votar. O voto não pode ser uma questão de gênero. A gente vota pela competência do candidato", afirmou a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), vice-presidente nacional da sigla.
Segundo ela, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criou a Secretaria Especial das Mulheres, e administrações tucanas mostraram a importância de deixar sob o controle feminino os cartões magnéticos para saques dos programas de transferência de renda, como faz hoje o Bolsa Família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário