"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 8 de julho de 2011

A quem interessa o Pará atual?

Marcado para o dia 11 de dezembro, o plebiscito que determinará o destino dos 39 municípios das regiões sul e sudeste do Pará poderá apresentar um resultado imprevisível; a última pesquisas encomendada pelo jornal O Liberal detectou que 42 % dos paraenses não querem a divisão do Estado, 37% são favoráveis e 22% estão indecisos, ou seja, por enquanto, o cenário se desenha par a o imponderável e tudo pode acontecer, inclusive o novo estado virar realidade até com certa facilidade.

A diferença não é assim tão gritante e cá pra nós, eu esperava pelo menos 20 pontos percentuais a favor dos que querem manter os privilégios de uma meia dúzia, em detrimento das dificuldades dos outros. Ao que parece, o grosso da população está percebendo que manter o estado com as dimensões continentais de hoje interessa e muito aos que detém o poder e a mais ninguém. A obsessão de manter a imensidão de terras mais parece aqueles senhores de engenho, no tempo do Brasil colonial, no qual ter terra era sinônimo de status. Boas estradas, segurança, saúde de qualidade e tudo o que se chama de infra-estrutura, ninguém quer debater.

Ainda que muitos dêem como fácil, que serão favas contadas, não serão. O que defendem a ideia de ficar tudo como está explorarão a questão cultural, o sentimento de perda da população e o argumento que no sul do Pará habita uma casta endinheirada que na calada da noite quer surrupiar uma parte do Estado. Esquecem convenientemente que o Pará será apenas 17% do território atual e que herdará a banda boa, ou seja, as cidades circunvizinhas da capital, que tem uma infra-estrutura invejável, bem diferente das regiões sul e sudeste, além dos rincões do Tapajós, que vivem em petição de miséria, esquecidas dos favores do Poder Público estadual, razão pela qual o sentimento separatista foi ganhando corpo e é hoje essa sangria desatada .

Ainda que tenha uma pequena faixa de terra para administrar, o Pará não sairá perdendo; mais de 50% do ICMS ficarão com o Estado, o que implica dizer que os municípios do nordeste paraense poderão dobrar sua receita de ICMS em até 100%.

Essa é a questão, esse é o argumento, desmembrar significa arrecadar bem mais. No momento é que os prefeitos do nordeste tomarem consciência dessa possibilidade, Carajás e Tapajós serão realidades ao alcance da mão.


Artigo publicado no jornal HOJE - Coluna do Marcel)

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