"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O imenso balaio


Eu gosto dessa coisa de convenção, de encontro partidário. Prévias então, nem me fale. É bacana aquele monte de gente sem ter muito o que fazer, jogando conversa fora o dia inteiro, falando mal da vida alheia e se encharcando de democracia. Pena que os outros partidos não exercitem essa saudável experiência.

No domingo de prévias do PT foi assim. Filiados, simpatizantes, correligionários da base, curiosos, até gente da oposição deram o ar da graça. Como diria a velha gorda cansada de guerra, um imenso hendevouz, um grande mercado, o que não deixa de ser um grande barato.

O bom de tudo é que estavam presentes quase todas as vertentes da esquerda petista, todas no maior respeito, como convém uma festa de pessoas civilizadas. Mesmo que algumas motivações fossem completamente legítimas e outras... vamos dizer assim, nada republicanas, a coisa fluiu desde as primeiras horas até o cair da tarde. Estava todo mundo lá. A esquerda raivosa, ressentida e cheia de recalques; a festiva que transforma tudo num imenso playground (só faltou o Darci, o expoente maior); a comprometida com a moral e a ética, que a cada dia se torna mais escassa; a quase direita, que defende aliança com Deus e diabo, desde que o poder esteja bem ali, ao alcance da mão; a “engoveira”, que não abre mão da boquinha de cada dia, de preferência sem dar um prego numa barra de sabão e a arroz de festa, aquela que não é contra, nem a favor, muito pelo contrário, mas que gosta mesmo é de rosetar. Pra não dizer que não se falou de flores, lá estavam os novos petistas (na verdade, a maioria) lépidos e fagueiros, maravilhados, bestificados, genuinamente convertidos e mais reais do que os ingleses. Esses são fáceis de classificar: gostam de chamar todo mundo de “companheiro” e usam termos como “fortalecer o debate”, “operar” e por ai vai. Veja você, que os tais já conseguem citar até alguns trechinhos de Marx.

Muito japonês numa batucada improvisada, armada em um boteco nas proximidades, mas estava bom, principalmente depois da chegada de Monteirinho que deu uma canja no acordeon, cantou forró, deu uma palinha no samba e mandou bem no pandeiro. O cara é fera, parece aquela crioula de mil e uma utilidades, que jogava baralho de ronda, bebia cachaça e brigava na mão.

Fechando a festa, deve-se ressaltar a performance pra lá de avacalhada (no bom sentido) do Instituto Mucura. Com um notbook na mão (cientista político deve usar um, ou um tablete, com Wanterlor) Parazinho cruzava dados e previa um segundo turno. O camarada, melhor dizendo, o companheiro só não conseguiu prevê as votações irrisórias de Eusébio Rodrigues e Antônio Neto. Essas nem Mãe Diná se arriscaria.


(artigo poublicado no jornal HOJE - Coluna do Marcel)

Um comentário:

Anônimo disse...

Marcel,

elogiar amigos é muito fácil: mas, me sentindo na obrigação de dizer que mais uma vez voce arrebentou.

Abraços,

Leo Mendes