"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sábado, 25 de fevereiro de 2012

O que um monte de barro não faz....

Não sabia que um monte de tijolos, outro de brita e mais um outro de areia daria tanto arranca-rabo. Se soubesse não teria tido a infeliz ideia de coloca-los na calçada em frente da minha casa, mas, pensando bem, se não tivesse os colocado ali, naquele lugar, colocaria aonde? Na cabeça? Não tinha jeito, teria que colocar lá mesmo, mas, que foi um quiproquó, foi.

Guardadas as devidas e compreensíveis proporções e c om o perdão dos exageros, o tal monte de barro mobilizou a cidade e só faltou a chegada do Corpo de Bombeiros e da reportagem do Jornal Nacional. Na verdade, tudo começou com um monte de barro para aterro colocado de forma atabalhoada por um motorista de caçamba, que fez a lambança e se mandou. Para desconto de pecados, naquele dia, os trabalhadores da construção resolveram tirar folga. Veja você, aquele monte de barro, em plena rua B aporrinhando a vida de condutores de veículos, que só pra contrariar, acharam de passar todo mundo por lá, com o se a cidade só tivesse aquela via pública.


Primeiro passou um blogueiro ameaçando tirar fotos e colocar no blog, depois um vereador, com cara de poucos amigos, como se ele nunca tivesse enchido a rua de entulho. Até um vendedor de picolé resolveu aparecer para protestar, Para resumir, o dia finalizou com a presença de dois fiscais do Urbanismo, que lavraram uma notificação,


Pois é, alguns dias depois, lá estava eu assinando um Termo de Ajuste de Conduta, me comprometendo a tirar o material de lá em 45 dias. De cara eu sabia que só teria como resolver a situação quando a laje estivesse pronta, porque o material teria que ir para dentro, de modo que o prazo com certeza iria para o espaço. Devo dizer que naquele dia eu estava assinando até sentença de morte (desde que a execução fosse mais pra frente).


O caso teve seu desmembramento na semana passada, com um telefonema irritado da chefe da fiscalização do Urbanismo. Segundo ela, todos os prazos haviam sido extrapolados e o material teria que sair de lá de qualquer maneira e mais ainda, o Ministério Público estava notificando a prefeitura por causa dos ditos montes de areia, tijolos e brita.


Fiquei bestificado. Estivera errado o tempo todo, ou seja, sou um réu confesso e devo ter pisado em uns dois artigos do Código de Posturas, entretanto, a meu favor tinha o fato de que não cometera crime nenhum (no máximo uma infração e olhe lá). Não quero aqui alegar que a cidade inteira está cheia de entulhos decorrentes de construções, ou que em frente a secretaria de Saúde há um monte de terra há pelo menos 20 dias, atrapalhando a passagem de pedestres. Se fizesse isso seria tentar esconder o meu problema, trazendo a luz os problemas alheios, mas cá pra nós, um tostãozinho de bom senso pega bem em qualquer lugar.


Ainda que o Ministério Público seja o fiscal da lei, por conseguinte do Código de Postura, achei a coisa muito desproporcional, até porque o Ministério Público tem muito o que fiscalizar na nossa cidade, não é mesmo?

A preocupação do Urbanismo chegou em boa hora, mas a situação já estava sendo resolvida. De qualquer modo, não lamento o acontecido, afinal, rendeu uma boa crônica.


(artigo publicado no jornal HOJE - Coluna do Marcel)

2 comentários:

Anônimo disse...

Marcel suas crônicas como sempre narrando como nada e como ninguém a vida de parauapebas. Um Abraço Fabiano Rodrigues (LION) de Campina Grande-PB.

Marcel Nogueira disse...

Obrigado Lion, você é 10, aqui ou em Campina Grande. Abraço.