"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vitória significativa

Há cerca de dois anos, quando o HOJE, tecnicamente quebrado saiu da rua 2 e se instalou em um galpão na rua B, muita gente esperou o anúncio da missa do sétimo dia do jornal (a bem da verdade, por muito pouco isso não aconteceu).

Hoje, depois de passada aquela tormenta (ainda que outras já se colocaram no caminho), dá pra dizer que o HOJE é um sobrevivente, vergou, mas não caiu, trincou, mas não quebrou.

Na semana passada, depois de quatro meses, o jornal voltou a ser impresso na sua gráfica, o que é uma vitória estupenda. Depois disso, muito lentamente o jornal se reergueu. Em 2010 o projeto da construção teve início e o material começou a ser encostado. No ano seguinte o velho galpão foi derribado para dar lugar às fundações. Devagar, as paredes foram erguidas, até a colocação da primeira laje.

Como deveria ser, foi uma verdadeira epopeia e foi avançando conforme a disponibilidade de recursos de um jornal que se propõe a manter uma certa independência.

Para o HOJE foi como se uma nova fase se iniciasse. Desde a colocação de energia, a fase de testes e lubrificação do maquinário, por fim a primeira cor sendo impressa no papel jornal e a edição 486, com algo em torno de 80% de qualidade, foi às ruas.

Correndo na contramão do bom senso e do costume local, em 1986 o HOJE se atreveu a implantar um projeto revolucionário de fazer jornalismo sem atrelamentos com o Poder Público. Por conta da ousadia, o jornal pagou um alto preço, foi perseguido, processado várias vezes e foi obrigado pelas circunstâncias a circular apenas uma vez por semana (ainda assim, nos últimos meses de forma irregular).

Mesmo com tantos percalços, o periódico não desanimou, talvez porque soubesse da imensa responsabilidade que carrega nas costas, que é de ser o principal porta-voz das inquietações populares. Na verdade, o que o jornal perdeu em dinheiro ganhou em credibilidade.

Com as novas instalações, o HOJE dá mais um passo em direção à sua independência. Por enquanto continuará sendo um jornal semanal, mas não abre mão do projeto de voltar a circular duas vezes por semana.

O jornal acredita numa cidade mais justa, na qual os governantes estejam à altura da sua vocação de grandeza. Como é natural num país onde se respira capitalismo, o jornal tem que sobreviver no mercado, mas, sabe que a continuidade não pode ser a qualquer custo. Por isso a comemoração por pequenas coisas, que aos olhos de muitos não são quase nada, mas que são extremamente importantes para o jornal, uma vez que foram conquistadas de forma limpa.

Artigo publicado no Jornal HOJE - Coluna do Marcel

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