Faz diferença numa decisão de campeonato quando o craque do
time, o protagonista, aparece para definir. Faz uma diferença absurda quando
todos os principais jogadores vivem um dia iluminado, praticamente perfeito.
Fred, Deco, Thiago Neves e Rafael Sobis. O quarteto ofensivo do Fluminense
deixou o time muito perto do título carioca neste domingo. No primeiro jogo da
final contra o Botafogo, no Engenhão, todos se destacaram. Decidiram,
desequilibraram. Resultado: vitória tricolor por 4 a 1, de virada. Fred fez um
golaço de bicicleta, Deco e Thiago organizaram os ataques, e Sobis, sempre
destaque em decisões, fez dois. O garoto Marcos Junior, de 18 anos, fechou a
goleada. O volante Renato marcou o único gol alvinegro.
O Botafogo, que também tem um quarteto de qualidade,
emperrou nos primeiros 90 minutos da decisão. Maicosuel, Fellype Gabriel,
Elkeson e Loco Abreu pouco fizeram. O time de Oswaldo de Oliveira jogou sem
criatividade e ficou com um jogador a menos desde os 11 minutos do segundo
tempo, quando o lateral-direito Lucas foi expulso. Para ter chance de ficar com
o título, o Alvinegro terá de vencer o segundo jogo por três gols de diferença
para levar a decisão para os pênaltis.
A invencibilidade alvinegra na temporada, que durava 23
partidas, está derrubada. É a primeira vez no ano que o time sofre mais de dois
gols. O Fluminense vence o Botafogo no Engenhão pela primeira vez. Até este
domingo, eram três derrotas e seis empates. A exibição de gala do Flu foi vista
por 28.182 pessoas (sendo 23 mil pagantes, com renda de R$ 732.015,00).
As equipes voltam a se enfrentar no domingo que vem, às 16h
(de Brasília), no Engenhão. Antes, porém, terão compromissos no meio de semana.
Na quarta-feira, o Botafogo disputa o jogo de volta das oitavas de final da
Copa do Brasil contra o Vitória, no Engenhão, às 19h30m. Na primeira partida,
semana passada, empate por 1 a 1 no Barradão.
Botafogo sai na frente, e Fred pedala
Demorou. Foram 37 longos anos sem que Fluminens e Botafogo
decidissem o Campeonato Carioca. Da última vez, em 1975, a conquista foi
tricolor. Oito minutos. Foi o tempo que o Alvinegro precisou para abrir o
placar neste domingo. Um primeiro tempo de superioridade da equipe de Abel
Braga, apesar de o time de Oswaldo de Oliveira ter começado melhor.
Não chegou a ser uma blitz alvinegra, mas ao tomar a
iniciativa logo cedo o Botafogo conseguiu o gol. Fellype Gabriel entrou na área
pelo lado esquerdo e buscou Loco Abreu no cruzamento. A zaga afastou para a
entrada da área, e Renato estava por ali. O chute de primeira do volante, de
volta após lesão, passou no meio das pernas de Carlinhos e foi parar no
cantinho direito de Diego Cavalieri: 1 a 0.
O Fluminense só despertou a partir dali. Com a marcação do
Botafogo concentrada nas laterias, o Tricolor jogou pelo meio e tentou chutes
de média distância. Carlinhos parou em Jefferson, e Jean errou o alvo. Até a
parada técnica, houve equilíbrio na posse de bola, mas o Flu finalizava mais:
quatro contra uma do Bota, a do gol.
A pausa fez bem aos tricolores. Thiago Neves, Deco e Rafael
Sobis cresceram na final e pouco a pouco conseguiram fugir da marcação. Em
jogada individual, Thiago partiu para cima de Fábio Ferreira, se livrou do
zagueiro e bateu de esquerda. Jefferson pegou, aos 23. O Botafogo se defendia e
esperava a chance de encaixar o contra-ataque, só que ela não apareceu.
Maicosuel, Fellype Gabriel e Elkeson não criaram e as tentativas de buscar Loco
Abreu na área fracassaram.
A persistência tricolor deu resultado. Depois que Elkeson
perdeu a posse de bola, Carlinhos cruzou da esquerda, Thiago Neves escorou de
cabeça quase para a pequena área, e Fred acertou uma linda bicicleta, aos 43: 1
a 1. Gol de artilheiro, de talento, de decisão. Foi a décima finalização do
Fluminense no primeiro tempo. O Alvinegro teve apenas duas.
- Só acordamos depois que sofremos o gol. Aí melhoramos a
posse de bola, conseguimos criar. Foi um dos meus gols mais bonitos e também
pela importância de ser uma final.
As emoções também começaram cedo no segundo tempo. O
Botafogo resolveu voltar a jogar após o intervalo e foi ao ataque. A primeira
boa chance foi alvinegra, aos seis minutos. Maicosuel cobrou falta para a área,
Loco Abreu desviou de cabeça, e Diego Cavalieri defendeu. O uruguaio reclamou
muito de pênalti por ter sido agarrado por Leandro Euzébio. A arbitragem julgou
o lance como normal.
Pouco depois, aos 11, Oswaldo de Oliveira perdeu o
lateral-direito Lucas. Ele fez falta em Thiago Neves para cortar um
contra-ataque, recebeu o segundo amarelo e o vermelho do árbitro Luiz Antônio
Silva dos Santos. No lance seguinte, o gol da virada. Deco, em tarde inspirada,
tabelou com Sobis e deixou o atacante na cara do gol com um toque de muita
categoria. Iluminado em decisões desde os tempos de Inter, o atacante bateu de
esquerda para marcar o segundo do Tricolor.
Maicosuel passou a tentar algumas jogadas de velocidade pela
direita, mas sem sucesso. Elkeson e Fellype Gabriel erraram passes, não
conseguram fugir da marcação e nada criaram. Bem diferente dos protagonistas do
Fluminense. Depois de Deco, foi a vez de Thiago Neves aparecer. Aos, 20, o
camisa 7 deu um passe preciso para Sobis. Livre na frente do gol, ele driblou
Jefferson, por pouco não perdeu o ângulo, mas conseguiu se recuperar e fazer o
terceiro: 3 a 1.
Oswaldo fez mudanças no ataque depois da parada técnica.
Loco Abreu e Elkeson saíram para as entradas de Herrera e Caio. Nada mudou. Era
um time limitado, sem qualquer inspiração. O técnico, aliás, foi vaiado e
chamado de burro pelos torcedores quando sacou o uruguaio. Elkeson, muito mal
no jogo, também ouviu vaias ao deixar o gramado. O zagueiro Antônio Carlos teve
chance de diminuir, mas Diego Cavalieri defendeu a cabeçada perigosa.
Abel lançou Marcos Junior no lugar de Thiago Neves. Após
mais uma linda jogada ofensiva do Fluminense, com participação de Deco, Sobis e
Fred, o garoto ficou na frente de Jefferson para consolidar a vitória maiúscula
e transformar a virada em goleada. Festa tricolor no Engenhão sob gritos de
"olé" e título praticamente na mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário