sexta-feira, 25 de maio de 2012
CPI de Cachoeira - a blinfagem dos governadores
Merval Pereira, O Globo
Mais uma vez os senadores Randolfe Rodrigues, do PSOL, e Pedro Taques, do PDT, e o deputado Miro Teixeira, também do PDT, colocaram em evidência o que já não se preocupa em esconder na CPI do Cachoeira: o acordo de partidos da base governista, como o PT e o PMDB, e o PSDB para proteger seus governadores.
O adiamento para terça-feira da votação para a quebra do sigilo nacional da empreiteira Delta e convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, Agnelo Queiroz, do PT do Distrito federal, e Sérgio Cabral, do PMDB do Rio de Janeiro, revela a tentativa de reorganizar as forças políticas que querem que a CPI não produza resultados concretos nem tenha consequências políticas, já que não foi possível ao governo até agora fazer com que a oposição sofra perdas seletivamente.
O PSOL detalhou, através do senador Randolfe Rodrigues, o que apurou na farta documentação à disposição da CPI: transferência de R$ 40 milhões da Delta para contas laranjas de Cachoeira e outras empresas a ele vinculadas, efetuada em agências bancárias do Rio de Janeiro (agências Rio Branco e Assembleia), com muitas parcelas menores que R$ 100 mil — para evitar análise do Coaf.
Compulsar os recebedores desses recursos — até aqui há 34 listados — com doações de campanha será muito importante. “A indisponibilidade dos bens dessa empreiteira corrupta, pedida por integrantes da CPI, é um imperativo” para o deputado Chico Alencar, que participa da CPI na condição de líder do PSOL.
Os próximos dias serão de amplas negociações e avaliação das blindagens possíveis, embora esteja claro que, mesmo tendo a maioria da CPI, os aliados do governo não têm a maioria moral para impedir decisões quando elas se tornam inevitáveis. O risco é o da desmoralização completa.
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