Município
com um imenso potencial econômico, cantado em verso e prosa como o campeão em
arrecadação, Parauapebas inicia o ano com um enorme ponto de interrogação
pairando sobre a cabeça de cada cidadão.
Por outro
lado, a chegada de 2017 e a posse do novo governo de Darci Lermen, que
comandará os destinos de Parauapebas pela terceira vez trazem um sopro de
esperança, mas, o próprio gestor já enfatizou que a tarefa não será fácil.
Arrecadação decrescente, desemprego crescente e uma saúde cada vez mais doente
são os principais problemas a serem enfrentados.
Partindo do
princípio que um município que se preze necessita de recursos, de preferência
em grande quantidade para fazer frente as incontáveis demandas, quer sejam
sociais, econômicas ou de custeio da máquina pública, podemos dizer que
Parauapebas vive uma situação preocupante, haja visto a curva descendente que
foi o orçamento nos últimos anos.
Prevendo
receita e fixando despesas, o orçamento é uma peça fictícia, uma vez que não se
tem garantia de que os recursos entrarão realmente nos cofres do município. A
despeito disso, o orçamento é um parâmetro para saber se o ano será das
chamadas vacas gordas ou não.
Para se ter
uma ideia, em 2013, o orçamento foi aprovado pela Câmara de vereadores com
cifras astronômicas. Nada menos do que
R$ 1.114.120.892,32 (um bilhão. Cento e quatorze milhões. Cento e vinte
mil, oitocentos e noventa e dois reais e trinta e dois centavos). Já em 2017, o
orçamento foi de R$ 1.005.000.000,00 (um bilhão e cinco milhões).
Como a
receita é estimada pode ocorre que ela fique abaixo ou acima do esperado. Mesmo
sendo algo que não é comentado em público, se sabe que a receita de 2013
ultrapassou o orçamento e ficou além de um bilhão e duzentos milhões de reais,
o mesmo teria acontecido em 2012, notadamente os dois anos financeiramente mais
fartos da história de Parauapebas.
Navegando em
sentido contrário, em 2016 o município teve um orçamento de R$ 1.045.000.000,00
(um bilhão e quarenta e cinco milhões) e no final arrecadação apresentou uma
queda monumental e não entraram nos cofres do município mais do que R$
745.000,000,00 (setecentos e quarenta e cinco milhões), ou seja, comparando ao
ano de 2013, o município arrecadou quase quatrocentos e cinquenta milhões a
menos.
Apesar de o
orçamento prevê uma entrada de recursos em
2017 na ordem de um bilhão e cinco milhões, nada garante que isso de
fato vai acontecer. O ICMS continua baixo, assim como os recursos da
Compensação Financeira Sobre a Exploração Mineração (CFEM), também chamada de
royalties. O município também se ressente das boas entradas do Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).
Isso
prejudica o comércio. Segundo comerciantes ouvidos pela reportagem, em termos
de negócios, o Natal de 2016 foi bem inferior aos anteriores.
Com uma
queda de receita tão abrupta, a ponto de o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) passar de 16% para meros 9%, era mais do que
esperado a instalação da crise no município. Essa foi a principal razão das
últimas obras do então prefeito Valmir Mariano terem sofridos atrasos,
compromissos com fornecedores não terem sido cumpridos, alem das dificuldades
em quitas salários de dezembros e r
Resumindo,
com a arrecadação em baixa desses três tributos, que são a base da vida
econômica de Parauapebas, a economia fica comprometida e o desemprego toma
forma como aconteceu. Alguns levantamentos, dão conta de cerca de 25% da
população economicamente ativa está desempregada.
Desemprego em alta – A reboque da crise, o desemprego
chegou pra ficar. As razões são variadas e podem ser creditadas a retração
econômica do município, causada pela queda da arrecadação, entretanto, outros
fatores também contribuíram para a pasmaceira geral. O minério de ferro,
principal produto de exportação há cerca de três anos não consegue bons preços
no mercado internacional. O minério que chegou a ser comercializado a 190 dólares
no mercado internacional, em 2016 chegou a fundo do poço, sendo vendido a 39
dólares. No segundo semestre do ano que se foi, o preço do minério reagiu em
algumas ocasiões foi vendido acima dos 100 dólares a tonelada. Hoje ele oscila
na casa dos 75 dólares. Melhorou, mas, bem abaixo dos 190 dólares de 2013.
A
consequência é o chamado efeito dominó, a margem de lucro da mineradora despencou
e ocasionou o corte dos investimentos no município e a debandada das empresas
empreiteiras. Pronto. Criado o ambiente propício para desemprego, que perdura há um bom tempo.
Saúde doente – Quem imagina que o sistema de
saúde municipal entrou em colapso recentemente reside em Parauapebas há pouco
tempo. No governo de Bel Mesquita a população já reclamava de mau atendimento.
Os postos de saúde nos bairros eram insuficientes para atender a demanda
reprimida e Hospital Municipal (na época não passava de um barracão de madeira,
construído no distante 1982, pela Vale) recebia toda demanda reprimida. O
resultado eram filas e mais filas, Emergência lotada e poucas vagas no setor de
internação.
A situação
se agravou nos dois mandatos de Darci Lermen (2004 a 2012). Por muito pouco a
saúde não chegou a ser responsável por uma convulsão social. O fundo do poço foi
a morte de dezenas de crianças recém-nascidas na maternidade. Na época
veiculou-se a informação de que foram vítimas de infecção hospitalar.
Para gerir a
saúde municipal a Oscip Bem Viver foi contratado, mas não teve vida longa e terminou
melancolicamente com um prejuízo milionário para os cofres do município. Diante
disso tudo, foi até fácil para o candidato da oposição, Valmir Mariano ganhar
as eleições de 2012.
Mesmo com a
nova gestão a saúde não melhorou. O prefeito construiu uma UPA, uma policlínica,
postos de saúde e terminou o hospital, mas o atendimento foi de mal a pior e a insatisfação
da população alcançou um nível preocupante. Da mesma forma que o estado
terminal da saúde contribuíra para guindar Valmir ao Palácio do Morro dos
Ventos, foi determinante para que a população o rejeitasse e desse uma nova
oportunidade a Darci Lermen, em outubro de 2016.
Soluções - Hoje esses problemas
giram na cabeça do novo prefeito como um fantasma que teima em arrastar
correntes. Darci tem apresentar respostas à população enquanto desfruta de
momentos de lua de mel. Político experiente sabe que a fase de carinho tem data
para acabar e dentro de pouco tempo será cobrado. Em entrevistas, ele tem dito
que a agricultura pode contribuir para que o município volte aos melhores dias.
“Parauapebas pode ser um celeiro de alimentos para o Estado”. Apesar de se
mostrar muito otimista, Darci sabe que há um longo caminho pela frente e a
saída da recessão não acontecerá do dia para noite.
Na área de
saúde o prefeito é taxativo. Para ele a GAMP, que toca o sistema de saúde do
município está com os dias contados. “Essa experiência não deu certo, não estamos
vendo nenhuma melhora”, disse.
Para o
prefeito, o município deve reassumir os serviços, trabalhando sem muitos
segredos, com médicos comprometidos e com medicamentos á disposição da
população, “é assim que vamos trabalhar, vamos fazer o feijão com arroz, sem
querer inventar, depois a gente avança em outras frentes”. Disse.
Como se vê,
os problemas são muitos, em contrapartida, as soluções, por enquanto são
poucas. Darci tem um longo caminho pela frente. Para ter sucesso, precisa tirar
o município de uma recessão que já dura três anos; cuidar da saúde, dotando o
Hospital Municipal de médicos,
medicamentos, assim como as demais casas de saúde. Por último, gerar emprego e
renda.
Apesar das muitas mazelas sociais, o desemprego é um fator que machuca e subtrai a dignidade do cidadão.
Bom, pra
quem prometeu oportunidade, tudo é possível.
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