"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


quinta-feira, 28 de junho de 2007

Crise para todos os gostos

No início da semana encontrei um petista, aliás, petista não, Darcisista, desses que recolhe as migalhas que caem de sua mesa com a voracidade dos novos-ricos. O sujeito estava fulo da vida por causa da manchete da edição do HOJE, n° 215, de 21 de junho, que citava uma crise na administração municipal, com a saída do secretário de Finanças, Marcelo Catalão. “Aonde está a crise?”, perguntava na santa inocência, que só os paus mandados exibem. Ora, se ele não via crise não seria eu que iria lhe mostrar. A bem da verdade, só estou voltando ao episódio por exclusiva falta de assunto.
Talvez o camarada, que nem vale a pena citar o nomezinho tenha razão num particular. Não foi uma crise na acepção da palavra e ainda que queiram dar essa impressão, não foi uma despedida, tipo, “até nunca mais” ou “risque o meu nome do seu caderno”. O barato disso tudo (ninguém contava com isso) é que a população já percebeu e todo anda falando que tudo não passa de uma jogada ensaiada.
Darci sabe que precisará do apoio do PT, que anda dividido, desde que ele passou por cima dos programas que são históricos e caros, como o Orçamento Participativo, Banco do Povo e outros mais. Também incomodava ao PT a presença de Catalão no governo. Num encontro do partido, ocorrido recentemente, foi colocado com todas as letras o desagrado geral, ficando nas entrelinhas que a indicação de Darci para a reeleição estaria por um fio.
Era necessário uma tacada bem dada, capaz de trazer o PT em peso para a campanha, além de passar a idéia para a população que o governo estava aplicando um choque de moralidade. O X da questão seria anunciar a decisão para Marcelo e com certeza requereu uma boa dose de esperteza. Marcelo fora um aliado de primeira hora, financiador de campanha, articulador para que outros apoios de pesos viessem e principalmente, Marcelo saberia demais, de modo que sua saída não poderia sair na base do “risque meu nome do seu caderno”, como já dissemos.
É certo que continuará nos bastidores, ainda que a contragosto. Perderá um pouco de poder, mas não todo. É aquela história, do afogado, pelo menos o chapéu, o mais importante é a reeleição.
Apesar de tristinho, o ex-secretário não pode reclamar. Conseguiu mais de 15 minutos de celebridade, mandou mais do que o prefeito durante uma par de tempos e passou pelas suas mãos mais de R$ 750 milhões, durante os quase três anos em que esteve na Sefin. Parece que vai sair sem ninguém lhe perguntar (nem a Câmara) onde foi parar a dinheirama, ou seja, esta no lucro.

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