Tá decretado! Depois de dois anos reinando sobranceiro no coração da Cidade Nova, o Carandiru vai “pra chon”.
Antes que alguém, carente de informação queime as pestanas para saber o que é afinal o Carandiru, deve-se dizer que o apelido pejorativo dar-se sempre que alguma coisa fantasmagórica insiste em permanecer ao longo dos anos. Era, por exemplo como era chamado o hotel da D. Lourdes, localizado na rua E e que foi inclusive testemunha de assassinato de gente que tinha interesse na herdade. Hoje o novo Carandiru é a prova viva da incompetência de um governo perdulário que tem a estranha mania de fazer desaparecer dinheiro sem muitas explicações.
Mas, por que homem de Deus, vão detonar o pobre do Carandiru? Logo ele que era uma referência de namorados sem o dinheiro para uma rodada romântica num motel e até mictório para bêbados e amantes da nigth, que costumavam se ‘desapertar’ atrás de suas paredes sujas no meio da escuridão da noite.
O Carandiru é nosso e ninguém põe a mão. Ele nasceu da magalomania de um governo que queria apagar a história da cidade, detonando tudo que os prefeitos anteriores fizeram. Depois do caso das passarelas do Chico das Cortinas e o canteiro central do Faisal, nos quais derrubaram árvores a três por dois para fazer estacionamentos (se não fosse a atuação de ativistas ambientais não ficaria pedra sobre pedra) foi a vez da Mahatma Gandhi. Enquanto isso, esgoto, pavimentação nos bairros mais afastados ficariam para depois, pra quanto Deus mandasse bom tempo.
Gente, mas não há vida na Cidade Nova sem aquele conjunto de quiosques chapados de branco, que nas noites de lua nova, mais parecem castelos medievais mal assombrados. Apesar do prejuízo da paisagem da Cidade Nova, tinha gente que até já tinha se apegado ao trambolho. Para dizer a verdade, os únicos que queriam ver o elefantão branco pelas costas eram os comerciantes de tacacá, sorvete, vatapá e outras ‘cositas más’. Pasmem! Justamente eles, que seriam os agraciados com a doação governamental. É que o danado é tão feio que os comerciantes, receosos de perder a freguesia, preferiram ficar nas barracas de lona.
Dizem que no dia 28, a praça vai entrar em reforma e o Carandiru vai ser domolido numa cerimônia fúnebre com hasteamento da bandeira, um minuto de silencio e talvez uma sessão solene da Câmara. O momento é histórico e nada como uma justa homenagem ao ícone da incompetência do governo Darci. Com saudades antecipadas os freqüentadores esperam que pelo menos o playgroud, a pista de skate, de saudosa memória e a fonte luminosa possam renascer das cinzas.
(artigo publicado no jornal de sexta-feira, 23/10, edição 388)
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário