"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A manifestação na sua essência

Para os habituês da Câmara, a manifestação pela transferência no serviço público de Parauapebas, na semana passada foi um pequeno movimento composto por integrantes de partidos, interessado apenas nos resultados das eleições do ano que vem.
Quem se ateve ao tamanho diminuto da manifestação deveria se envergonhar; o movimento só foi pequeno porque muitos que sofrem com a falta de serviços básicos, como saúde, educação e obras se esconderam. O movimerto mostrou que há vida saudável além do circuito fechado do Poder Público.

O movimento “Transparência Parauapebas”, que ocupou a parte externa da Câmara e depois tentou se fazer ouvir na sessão, cobrava a prestação de contas dos recursos arrecadados pela prefeitura e olha que é muita grana, algo em torno de R$ 300 milhões, só até agosto desse ano. Por si só esses números justificariam essa e outras manifestações que porventura possam acontecer.

Por que a manifestação na Câmara? Porque ao longo dos anos, o Poder Executivo tem ignorado solenemente o Legislativo e mesmo com a determinação constando na Lei Orgânica do município – sob pena de uma possível cassação do mandato do prefeito que desobedecer – ninguém dar muita importância a recomendação e isso vem desde os primórdios, de outras administrações.

É impressionante como os prefeitos se empenham em colocar debaixo de sete capas a prestação de contas, constando as receitas e os gastos públicos. Esse c rime de responsabilidade encontra um terreno fértil em Parauapebas porque os vereadores não fazem valer a outorga popular e ai acontecem os descalabros do Poder Público, que são tratado pelos edis e pela população como a coisa mais normal do mundo.

Se for contabilizar o número de manifestantes no parlamento municipal, o movimento pode ser considerado um fracasso, entretanto, olhando pelo lado do ineditismo, de que pessoas (por motivos diversos, evidente) colocaram a cara fora e disseram:”basta, estamos cansados de ver o dinheiro desaparecer pelo ralo, sem uma explicação plausível” o movimento deve ser apoiado e não criticado.

A manifestação pode até ter um fundo político, afinal, se aproxima o ano de 2010, entretanto, não custa lembrar que o município nunca arrecadou tanto e poucas vezes (se é que alguma vez aconteceu com essa proporção) se viu um imobilismo tão grande, uma ausência de realizações, de obras. Estamos em outubro, mas, já em setembro os R$ 65 milhões do Orçamento para obras tinham se evaporado para lugares desconhecidos, já que não se vê obras na cidade há muito tempo.
(Artigo publicado no jornal HOJE, edição 386)

Nenhum comentário: