Não sei os outros, os que não gostam da democracia, mas eu adoro tudo que diz respeito à eleição. Gosto de convenção, de comícios, da movimentação do dia D, no qual todos os partidos botam as garrafas vazias para vender, enfim, acordo cedo e já nas primeiras horas da manhã começo a bater perna, ou então me planto em frente da TV, em busca do noticiário, ou na vasculho a internet . É o mundo em tempo real, mas para consumo interno, nada como a conversa de botequim.
Ainda que não saiba de nada (e cada dia me convenção que só sei que nada sei), principalmente sobre o tema eleição - e os resultados de Parauapebas não me deixam mentir – o simples exercício de discutir o município tem a prerrogativa de fazer a gente se sentir mais cidadão.
No domingo sai cedo de casa, na esperança de encontrar alguns amigos, mas, a agitação da cidade e o grande número de pessoas advindas de outras localidades, me fizeram andar a esmo, sem encontrar uma viva alma conhecida.
Em meio a poluição materializada pela chuva de “santinhos” de papel-jornal, acompanhei a romaria de eleitores. Os da zona rural, os dos bairros periféricos e até os residentes nos bairros mais centralizados. Uma boa parte sem ter a menor noção em quem votar, facilitava a vidas dos cabos eleitorais. A uma distância considerável dos portões dos locais de votação, bocas de urnas prontos para investir no coitado do eleitor como urubu na carniça. Soldados da Força de Segurança assistiam a tudo placidamente e até com ares de divertimento. Que maravilha a nossa democracia, cantada em verso e prosa por esse mundão afora.
Lá pro meio da tarde, os analistas políticos sem formação acadêmica começam a dar o ar da graça. No Bar do Mário, na avenida JK e no Senadinho do Baixinho a confraria começa a se formar um pouco antes da hora-limite, sem saber que dentro de uma hora partidários do Valmir da Integral iriam invadir a praia, comemorando a expressiva votação de 13 mil votos, aproximadamente.
Apresso-me em direção ao Chico Mendes, porque ainda não votei. Não votei por duas razões. A primeira é que como enfrento filas no dia-a-dia, não iria me sujeitar a enfrentar mais uma em pleno domingo de eleição. O segundo motivo é mais filosófico. Sempre acreditei que o eleitor só tem moral enquanto não vota, de modo que costumo prorrogar o máximo possível esses momentos de uma ingênua vingança, que mais cedo ou mais tarde perderão o sentido, visto que mesmo que seja às 17 horas em ponto vou pra boca do jacaré e aí a moral vai pro espaço.
Artigo publicado no HOJE, 432 – Coluna do Marcel
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