"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


domingo, 10 de outubro de 2010

O novo mapa político de Parauapebas

    MAPA

O último 3 de outubro deveria ser o start para vôos mais altos de muita gente em Parauapebas. Nada menos do que 14 candidatos oriundos da política local se movimentaram e suaram a camisa em busca da atenção do eleitor. No final da tarde do mesmo dia, os  resultados das urnas revelaram que muita coisa precisa ser revista. Aliás, sobre essa questão, o jornal HOJE publicou várias   reportagens, nas quais alertava a classe política (principalmente a Câmara) para a necessidade de se posicionar ao lado do povo, diante dos desmandos  da Administração Pública.  

    Primeiramente deve-se dizer que fora Milton Zimmer do PT e Bel Mesquita, do PMDB, que entraram na campanha com a obrigação de ganhar, o restante da turma encarou a campanha como uma espécie de prévia para 2012. Evidentemente que todos gostariam de ser bem votados e não achariam ruim se um mandato lhe caísse no colo, mas, numa análise fria, 2010 foi mesmo pano de fundo para projetos mais ambiciosos no futuro.
    Depois de domingo, o cenário político de Parauapebas é outros, a começar pelos antigos pressupostos de que existiam candidatos invencíveis. Depois de algumas votações ínfimas, se sabe hoje que Parauapebas tem novas referências. Depois de  domingo, pré-candidatura a prefeito, tidas e havidas como naturais não passam de devaneios hoje, ou de alguma coisa parecida com poeira das ruas. 
   

Evidentemente que uma votação expressiva agora não seria a garantia de uma vitória para prefeito no próximo pleito eleitoral, assim como um eventual insucesso não sepulta de todo o sonho de vir forte em 2012, mas, sob o todos os aspectos 2010 foi significativo.

Primeiro há a questão psicológica e na facilidade de reunir apoios a partir de agora, principalmente quando candidaturas de pesos pesados fizeram água.

    Abrindo a fila dos que fracassaram, a deputada federal, Bel Mesquita (PMDB). Depois de uma passagem sem muito sucesso pela Câmara de deputados, Bel encarou o crivo das urnas, dessa vez disputando uma vaga na Assembleia Legislativa. Cercada de muita expectativa, com uma projeção de ter pelo menos 20 mil votos em Parauapebas a deputada teve que se contentar com menos de 10 mil votos na cidade. Principal aposta do PMDB para retornar ao poder em Parauapebas e contando com a simpatia de boa parte do PT, que não tem nomes  que sejam consenso dentro e fora do partido e sonhavam com uma composição com o PMDB, Bel  deixa de uma aposta com razoáveis chances de vitória para se tornar uma carta fora do baralho. 
   

Como uma metralhadora giratória que não poupa ninguém, as urnas dinamitaram outras pretensões. Nomes como o de Faisal Salmen e de Cláudio Almeida também não tiveram o beneplácito popular. Preocupado em trabalhar a campanha do candidato Simão Jatene ao governo do Estado, muito mais do que a sua, Faisal Salmen fechou a campanha com um pouco mais de 6 mil votos, o que praticamente fecha suas possibilidades para 2012, como candidato a prefeito. Continua sendo uma liderança a ser respeitada, pela sua história, pela força de sua oratória, mas não há c o mo negar que se esperava muito mais em 2010. A amigos, Faisal confidenciou que a eleição de 2010 foi a última da sua carreira. Como promessas feitas no calor da emoção não se leva muito em conta, espera-se que  o vereador mude de ideia. 
   

Apesar da estrutura considerável ainda não foi desta vez que  Cláudio Almeida conseguiu deslanchar sua carreira política em  Parauapebas. O trabalho foi deito, mas o resultado definitivamente não foi lhe foi favorável. No final, pouco mais de 3.800 votos apareceram nas urnas, dos quais menos de 2 mil foram presenteados por eleitores de Parauapebas.  Muito pouco para quem projetava algo em torno de 30 mil.
   

A rigor, nem o ex-secretário de fazenda do município e agora  deputado estadual eleito, Milton Zimmer tem muitas razões para comemorar. Nos bastidores da política muita gente classifica sua eleição a uma vitória de Pirro, aquele general que para vencer uma batalha sacrificou seu exército. No caso de Milton, muitos recursos foram despendidos para uma votação no município de 9 mil votos, aproximadamente. Milton ganha o mandato, mas não ganha a condição de favorito na corrida de 2012, ao contrário, dentro do próprio PT há que diga que Milton foi além das suas possibilidades, ou seja, 2010 é fim de  linha para ele.
   

Ainda que não seja considerado um mau resultado, afinal, ele aumentou sua votação em mais de 500% de dois anos para cá, os 6.200 votos de Rui Hidelbrando, também conhecido como “Rui Vassourinha” ficaram a quem das projeções. Pela movimentação, pelo discurso inflamado e até pela estrutura surpreendente imaginava-se que Vassourinha fecharia a eleição com mais de 10 mil votos, se cacifando como um candidato de peso para as eleições de 2012. Nada indica que Rui desistiu de suas pretensões,  entretanto, seu caminho será bem mais difícil do que se imaginava no início. Talvez Rui Vassourinha tenha que reciclar seu discurso, ou adicionar outros elementos, que sejam diferentes dos temas abordados na campanha, que foram apenas dois: o discurso contra a corrupção e a apologia ao estado do Maranhão. Muito pouco para quem quer governar o município.
   

A boa notícia é que o campeonato que leva a casa verde, em cima do morro dos Ventos está aberto para todos, até para quem teve votação considerada pequena, como Charles Borges, Hipólito Reis e Toinzinho (os dois últimos não tiveram os seus resultados divulgados, por estarem  com as candidaturas sob júdice), ou para quem não debutou em 2010, mas evidentemente que quem brilhou agora larga na frente.

   

Esse é o caso de Valmir da Integral (PDT). O empresário entrou na campanha cercado de muitas reticências e com o estigma de desperdiçar oportunidades na política, mas deu a volta por cima. O mérito da excelente votação, que ultrapassou a casa dos 13 mil votos deve ser repartido com o seu partido, o PDT, que ao longo do tempo vem provando que é bom de campanha. Valmir da Integral motivado e com o apoio maciço do seu partido vem muito forte em 2012.
   

Outro vencedor da eleição de 2010 atende pelo nome de Antônio Massud (PTB). Com exatos 11. **** votos, Massud, que é vereador teve a melhor performance da história da Câmara, conhecida pelos desempenhos pífios de seus integrantes  quando se aventuram em eleições proporcionais. Disputando com figuras conhecidas como Carlos Puty (PT), Asdrúbal Bentes (PMDB), Giovanni Queiroz (PDT) e Zequinha Marinho (PSC), que mesmo não sendo do município, tinham história em Parauapebas, além de uma montanha de investimentos na campanha eleitoral, Massud foi o mais votado para federal e se cacifa para vôos mais altos. Nesta semana ele deu entrevista a uma emissora de rádio, agradecendo os votos recebidos e nas entrelinhas, deu a entender que pode ser candidato a prefeito.  
   

Ele tem direito, afinal, depois de domingo, ele e Valmir da  Integral são a bola da vez, mas atenção, essa prerrogativa não garante absolutamente nada, é apenas uma prerrogativa. Só isso.

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