"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

COLUNA DO MARCEL - Coral, rega-bofe, discursos decoreba e inauguração





A ebulição urbana de Parauapebas é tão flagrante que a máxima de que a cidade dobra de tamanho a cada cinco dias é a mais cristalina verdade. Parafraseando Nelson Rodrigues, poderia se dizer que nunca, em tempo algum houve uma cidade como Parauapebas e caso os fatos dissessem o contrário, pior seria para os fatos.

Tudo aqui precisa necessariamente ser superlativo, caso contrário corre o risco de já nascer estrangulado, como aconteceu, por exemplo, com a rodoviária que será demolida para a construção de outra mais ampla e moderna (se não for agora, será nos próximos anos).

Diante disso, uma pergunta: viram a imponência do novo prédio do Legislativo? Olhado com reticencia no início dos trabalhos, talvez pelo entendimento de que a localização era muito contramão, como se a turma do amendoim, que povoou por décadas os corredores do Legislativo fosse a dona da verdade. Na verdade, a trupe do cafézinho, talvez por olhar para o próprio umbigo não tenha percebido que o Beira Rio II, bairro onde o edifício tingido de azul está localizado seja bem mais centro do que a Cidade Nova, que com o crescimento da cidade para os lados de Curionópolis, deixa de ser o centro da cidade (se não o é pela questão econômica, é periferia no aspecto geográfico).
A efervescência verificada, por ocasião da inauguração da nova Câmara trouxe à tona esse conceito de moderno, de vanguarda, de fervor cívico dos vereadores, que não se fizeram de rogados e chamaram para si todos os méritos (com razão, deve-se dizer). Pra fechar, o evento ainda deu uma lustrada no orgulho da população.

Lá dentro, coral da prefeitura, um rega-bofe da melhor qualidade e os discursos decoreba com ares de “já me vou”, além das mulheres bem vestidas, como se a sede do Legislativo fosse uma imensa passarela. Lá fora, um monte de gente fazia a sua própria programação, ignorando o que rolava no auditório para 600 pessoas. Animados bate-papos e um monte de novos frequentadores a saracotear pelos corredores. Chique no último.

Um brilho capaz de se rivalizar com as luzes da PA-275. Está convencionado. A partir de agora está proibido a construção dos famosos “puxadinhos” que fizeram parte das ações rotineiras de alguns governantes. 

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