Rivais, ajoelhem-se para reverenciar a história construída
pelo Corinthians e a Fiel neste 16 de dezembro de 2012. Sem precedentes.
Eterno. O time formado por jogadores operários, o clube do povo e da apaixonada
torcida que cruzou continentes tem o futebol a seus pés. Sofrido, suado,
chorado, o Corinthians venceu o Chelsea por 1 a 0, em Yokohama, e deixou de ser
apenas Paulista como está escrito em seu centenário símbolo. O Corinthians é do
mundo. Bicampeão do mundo.
A conquista corintiana tem um herói em cada extremidade do
campo. Na defesa, Cássio cresceu acima dos seus 1,95m para criar uma nova
categoria de milagres e defender chutes de Cahill, Moses e Torres. O último, já
perto do apito final. No ataque, brilhou Paolo Guerrero. O mesmo Guerrero que
foi dúvida para o torneio. O mesmo herói da classificação nas semifinais.
Agora, eternizado com o gol de cabeça aos 23 minutos.
Assim como na Libertadores, vencida diante do sempre temido
Boca Juniors, o Corinthians chega ao título contra um adversário poderoso. O
Chelsea, símbolo máximo do novo futebol comandado por mecenas do leste europeu
ou das Arábias, sucumbiu diante de um adversário sem estrelas, mas extremamente
eficiente.
O triunfo sobre os ingleses completa um ciclo de vitórias
grandiosas que teve início em uma derrota histórica. Da Série B para o
estrelato. O Corinthians rebaixado no Brasileirão de 2007 aprendeu com os erros
e se reestruturou para chegar ao topo. Agora, desponta como uma das potências
do futebol nacional nos próximos anos.
Tatuapé, Mooca, Interlagos, Itaquera, Pirituba, Jardim
Ângela, Cachoeira, Vila Mazzei, Vila Moraes, Cangaíba, Tucuruvi, Capão, Bela
Vista, Guarulhos, Francisco Morato, Tabão da Serra, Carapicuíba,
Itaquaquecetuba, Pindamonhangaba, Serra Negra, Suzano, Mogi Guaçu, Cubatão,
Praia Grande, Rio Preto, Indaiatuba, Sorocaba, Jundiaí, Curitiba, Espírito
Santo, Maranhão, Santa Catarina Miami, Sydney...
...as bandeiras da Fiel penduradas no estádio neste domingo
simbolizam uma das maiores demonstrações de amor da história do futebol.
Alvinegros de todas as partes tomaram fizeram do estádio da finalíssima um
Pacaembu em proporções gigantes. As ruas do Oriente estão tomadas,
enlouquecendo os rígidos japoneses com os gritos de “Vai, Corinthians” em uma
festa que só terminará no Brasil. Ou em qualquer outro lugar da Terra.
Cássio faz milagres no primeiro tempo - O Corinthians usou a obediência tática para não permitir que
o Chelsea tirasse proveito de sua melhor qualidade técnica. O Timão cumpriu à
risca o que Tite pediu nos últimos dias e esperou os jogadores da equipe
inglesa no campo de defesa para tentar surpreender nos contra-ataques. A
estratégia deu certo, mas poderia ter funcionado melhor com mais capricho nas
finalizações, principalmente de Emerson.
Os Blues fizeram a bola rodar de lado a lado nos primeiros
minutos. Rafa Benítez surpreendeu ao escalar Lampard, Ramires e Moses, dando
mais habilidade ao meio de campo e força ao ataque. A mudança em relação à
semifinal, porém, deu espaços aos brasileiros. Paulinho, travado por Cahill na
finalização, quase marcou após linda jogada entre Fábio Santos e Danilo.
O zagueiro inglês, aliás, foi para os vestiários sem
entender o milagre operado por Cássio que salvou o Corinthians de ficar em
desvantagem logo no início. Em desvio de cabeça dele, Chicão cortou. No rebote,
o próprio grandalhão britânico chutou de bico quase na pequena área para
incrível defesa do “Frankenstein” no canto esquerdo.
Mais solto a partir dos 20 minutos, os corintianos foram
liderados por um inspirado Paolo Guerrero, longe de ser apenas o centroavante
que Tite tanto quis. O peruano brigou, abriu espaço, mas não pôde contar com
Emerson. O herói da Libertadores esteve apagado, perdendo grande chance ao
receber do camisa 9 sem marcação e não retribuindo a gentileza quando o
companheiro aparecia livre na área.
A incredulidade inglesa aumentou perto do fim. Cássio, mais
uma vez, arrancou gritos de espanto no estádio. Primeiro, em chute cheio de
veneno de Moses, que defendeu com a ponta dos dedos no canto esquerdo. Depois,
freou uma finalização de longa distância de Mata. Um gigante.
A cautela corintiana acabou definitivamente no segundo
tempo. O Timão voltou do intervalo mais agressivo ofensivamente, com Paulinho
se aproximando do trio de ataque. O Chelsea também não se poupou. O resultado
foram minutos em que o meio de campo deixou de existir e abriu as defesas.
Cássio, de novo, parou Hazard após passe certeiro de Mata.
Embalado pelo incentivo da torcida, o Corinthians passou a
controlar o jogo em ritmo cadenciado para envolver a marcação adversária. O gol
parecia se aproximar e veio da cabeça do melhor alvinegro em campo na partida.
Aos 23, Danilo cortou a marcação e bateu prensado. A bola subiu, caiu e
encontrou a cabeça de Guerrero. Desvio simples, gol eterno.
O Chelsea esteve longe de reagir. Benítez imediatamente
colocou o brasileiro Oscar na vaga do nigeriano Moses, mas a produtividade
seguiu baixa. O Corinthians se agigantou com a vantagem, brigando por cada
centímetro de campo e impedindo que os ingleses crescessem novamente.
Nos minutos finais, os Blues ainda tentaram furar. Furaram é
bem verdade, mas não por completo. Aos 40 minutos, quando o empate parecia
certo, Cássio fez mais uma milagre ao defender chute de Fernando Torres quase
na pequena área. Aos 46, o espanhol chegou a marcar, de cabeça - gol
corretamente anulado, por impedimento. Era a noite de Cássio. Era a noite do
Corinthians bicampeão mundial.
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