"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


domingo, 31 de janeiro de 2010

A aparência do mal I

Acho até que já escrevi sobre isso, entretanto, não custa nada dá mais uma requentada, até porque há tantos casos no âmbito da administração municipal que dá até arrepio.

Estamos falando das demonstrações de enriquecimento súbito e recente que alguns membros do atual governo municipal adoram brindar a população. Tem o caso de uma terra comprada a peso de ouro na zona rural da cidade, cujo proprietário não passava de um simples funcionário em Carajás há alguns anos. Hoje ele manda prender e soltar na prefeitura, sendo uma eminência parda do governo; uma terra de pouco mais de sete alqueires que só para fazer um campo society o camarada gastou mais de 400 horas de trator. A propósito, o cidadão dono dessa “terrinha”, durante muitos anos foi um irredutível e intrépido defensor da moral e da ética na política e não raras vezes, apontava o dedo para a corrupção dos outros partidos. Tem até gente que chegou aqui um dia desses e nada de braçada com carrões de luxo e mansão nos bairros emergentes. Deve-se dizer, contudo, que a farra geral não é privilégio dos chegantes; há caso de figuras históricas do partido, verdadeiras reservas morais e militantes que só tinham apenas o sol e noite porque Deus, na sua infinita bondade não sonega para ninguém. Hoje figuras assim constroem prédio. O que mais? Ah! são tantos casos, competição para ver quem constrói o casarão mais rápido e mais bonito. Dá pra fazer um documentário de como enriquecer da noite para o dia, sem fazer muita força (a não ser exercitar a arte de puxar o saco).

Mesmo que alguns imaginem que sou contra o sagrado direito do sujeito subir na vida, de fazer o seu “pé de meia” devo dizer que desde que seja feito decentemente, e sem dar margens as suspeitas e especulações, tudo é permitido. O que não se pode é esquecer que quando se lida com o dinheiro próprio não há necessidade de se dar satisfação a ninguém; o cara pode fazer o que quiser, dar, emprestar, jogar fora ou coisa parecida.

O mesmo não acontece com pessoas que são investidas com atribuição de cuidar da coisa pública. É aquela coisa da mulher de César; ela não dever ser apenas honesta, tem que parecer honesta. Esse é o princípio da ética, entretanto, ao que parece, muita gente que hoje está na administração pública se esquece disso.

Na próxima edição, vamos continuar esmiuçando esse tema, da aparência do mal, esperando que possa servir para alguma coisa, principalmente num ano de eleição. Se no frigir dos ovos, ao menos uma pessoa despertar do sono, cuido que o artigo terá valido a pena.

(Artigo publicado no jornal HOJE, edição 399 - Coluna do Marcel)

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