"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Na letra "F", mas não é de feliz

A história do sujeito que não trabalhava na segunda-feira porque tinha que descansar da farra do final de semana parece muito com a trajetória da nossa administração, que está sempre arranjando desculpas para justificar a já tradicional inércia e o exemplo mais acabado vem da mania de culpar o inverno pelas mazelas, por tudo que acontece de ruim na cidade.

Como já estava escrito nas estrelas, bastaram as primeiras chuvas do inverno para jogar por terra o grande engano desenhado na estação chuvosa do ano passado. Acredito que até as crianças de colo lembram da ladainha da administração, se dizendo impossibilitada de fazer os serviços de estrutura nos bairros mais atingidos, em virtude da intensidade das chuvas. “No verão”, diziam eles, “vamos fazer um trabalho de revitalização nunca antes visto na cidade”. Se alguém ouviu as promessas e imaginou que os bairros Betãnia Altamira, Novo Horizonte,Liberdade I e II, Caetanópolis, Residencial Bela Vsita e Jardim América seriam dotados de um mínimo de estrutura básica, com canalização das águas pluviais (para não falar de rede de esgoto) e de asfaltamento não viajou na maionese, não. Muita gente pensou da mesma maneira. Mesmo sem acreditar muito, em razão do histórico de promessas na cumpridas dessa administração, eu esperei pra ver e evitei fazer maiores críticas (vai que eles, só para contrariar resolvem fazer a coisa à vera?).

Hoje a gente ver que a tal revitalização não passava de uma raspagem de rua muito chifrim que se desmancharia nas três primeiras chuvas.

É muito cansativo ficar repetindo isso, como se fosse um disco de vinil emperrado. Imagino os comentários um monte de puxas, incomodado com as críticas, “ih! Lá vem o Nogueira com essas bobagens”. A propósito, só gostaria de saber se eles vão ter a coragem de requentar a desculpa de que não vão realizar os serviços de recuperação das ruas e de infra-estrutura por causa das chuvas. Se fizerem isso (acho até que vão fazer) estão imaginando que a população tem orelha furada. Com diria a velha gorda, o costume do cachimbo acaba entornando a boca e às vezes o freguês acaba indo parar na letra “F”, mas não é de feliz, não.

(artigo publicado no jornal do HOJE, edição 398)

Um comentário:

Eldan de Lima Nato disse...

Caríssimo Marcel,
Sei que compartilhamos da mesma frustração com relação ao governo atual, pois naquela passeata da vitória, em 2004, mesmo sem ser um militante, mas como eleitor, eu estava em um daqueles carros, junto com meu amigo Wilder Leal, dois jovens, sabedores que crescemos em uma cidade rica, capaz de nos oferecer melhores oportunidades como cidadãos, celebrando uma mudança, que aos nossos olhos dali pra frente seria factível. E vi você naquela ocasião, na Praça do Cidadão comemorando a vitória do PT e dos aliados também.
Hoje, passados cinco anos, as promessas feitas no palanque daquele candidato ao governo, vencedor, juntaram-se às do segundo palanque – em 2008, na reeleição – e, salvo, algumas exceções, as promessas (todas) continuam sendo promessas. Inclui-se aí a que considero a maior delas, uma bandeira daquele Darci e seu grupo (totalmente confiável e que nos dava muita esperança): a moralidade com os gastos públicos e a transparência nas contas.
Eu gostaria muito que os maiores problemas de Parauapebas fossem os buracos das ruas. Há problemas estruturais muito maiores e menos perceptíveis. Se Parauapebas fosse uma cidade sem recursos, ou que não tivesse condições de ter técnicos capacitados para pensarem e efetuarem projetos de importância e relevância para os munícipes, dir-se-ia: “Calma! O governo vai chegar lá”. No entanto, estes pequenos problemas nos dão quase uma convicção de que este governo não vai conseguir se acertar. Parou no tempo. Errou feio lá atrás e mesmo que tente (se é que tenta), não consegue recuperar nem os buracos existentes na sua própria imagem. Caiu nos erros do grupo que tanto combateu. Trocamos seis por meia-dúzia, diria o povo (?). Esta é a sensação nas ruas. Quem convive com a população, e não com meia-dúzia de assessores – e assessores dos assessores – sabe bem o que dizem as pessoas a respeito das “mudanças” implementadas pelos cinco anos de “governo... cidadão(?)”.
Acabo de chegar de mais uma temporada fora da minha cidade e vejo que ela está cada vez mais feia, mais suja, menos organizada. Recursos? Planejamento? Falta de técnicos? Sobra de “cumpanheiros”? Parcimônia da Câmara? Cumplicidade entre poderes?
Quais são os maiores problemas de Parauapebas? Buracos nas ruas?

E que fique claro! Não torço contra o governo Darci, pelo contrário ainda torço (ter esperança não! Esperança eu tinha naquela época), agora apenas torço, para que ele faça alguma coisa nos três anos que lhe restam. Recuperar o tempo perdido? Isso, jamais eles conseguirão! Mas esta perda não é deles. É do povo.