(Do Blog do Décio)
Todos nós do Maranhão, na semana que passou, fomos tomados de uma
grande emoção, com o trabalho excepcional da Secretaria de Segurança,
desvendando esse crime hediondo, a
cruel execução do jornalista Décio Sá, um dos mais notáveis talentos
jornalísticos surgidos em nossa terra nos últimos tempos. Era um
repórter da melhor fornada do jornalismo investigativo, tinha a paixão
pela notícia e a coragem de divulgá-la, sem medo, sem receio. Ele foi um
exemplo de profissional comprometido com a liberdade de informação, com
a consciência de seu dever e do jornalismo que tem como motivação
fundamental questionar, discutir, revelar.
E foi um pioneiro – já disse isso – que logo descobriu as
potencialidades dos novos meios de comunicação, a força da internet e
saiu da rotina de escrever suas matérias no jornal, para estabelecer uma
interação com o público através do seu blog. Blog que se tornou um
fenômeno pelo sucesso alcançado e constatado pelas dezenas de milhares
de acesso.
Sua morte causou comoção estadual e nacional, suscitando em todos nós
a ansiedade pela busca e captura dos responsáveis, os culpados. Tal
sentimento me fez muitas vezes ser injusto com o secretário Aluísio
Mendes, do qual cobrava resultados das investigações quase diariamente.
Ele, entretanto, seguro, me tranqüilizava: “Estamos desenvolvendo um
trabalho altamente profissional, científico em torno de um crime
complexo, de encomenda, feito por profissional, vamos alcançá-lo”. E
assim foi. Mobilizou várias equipes de delegados, agentes e técnicos que
levantaram cuidadosamente as pistas, analisaram, trabalharam em
silêncio, sem vazamentos. Uma ação técnica e científica levada a cabo
por equipes de inteligência qualificadas. Foram mais de 10 mil
cruzamentos de telefones, identificando os nomes de seus usuários que
tinham utilizado celulares na noite do crime. O meticuloso retrato
falado feito pelos melhores técnicos da Policia Federal combinou-se com
intercâmbio de informações entre as policias de diversos estados e com a
utilização do banco de impressões digitais.
Foi um trabalho extremamente competente. Lembremos que o assassinato
de jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, levou dois anos para ser
descoberto. Agora, neste ano foram mortos quatro jornalistas no país – e
o único crime descoberto e resolvido foi o do Décio Sá.
É inacreditável que a alma humana ainda possa ter sicários do nível
dos que nos levaram o Décio. Um facínora de mais de 40 mortes e um banco
de contraventores e agiotas que julgavam que a impunidade existia. Como
bem disse a governadora Roseana “aqui não é lugar para bandidos e vamos
caçá-los e puni-los com todo rigor”. Ela no seu primeiro governo
desmontou a quadrilha de roubo de carro e agora vai desmontar essa.
A prisão do assassino e dos mandantes sem dúvida nos conforta. A
justiça será feita, mas nada resgata a vida preciosa e brilhante de um
homem de talento, lutador da notícia e que fará imensa falta ao
jornalismo do Maranhão: DÉCIO SÁ.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
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