Lutou com nunca, mas perdeu como sempre. Essa é a impressão que o Sindicato dos trabalhadores em Educação do Pará-subsede Parauapebas (Sintepp) deixou após a extenuante luta contra o rolo compressor chamado prefeitura de Parauapebas.
Depois de quase 15 dias de paralisação, nos quais conseguiu mobilizar a categoria, coisa que as coordenadorias anteriores não estavam conseguindo, a greve acabou sem uma só notícia que pudesse ao menos alegrar o universo de professores, que depositou todas as esperanças na nova coordenadoria.
Na minha opinião foi uma derrota da precipitação, da falta de experiência e até da arrogância. As informações que nos chegaram é que na sexta-feira, no gabinete do prefeito, o sindicato fechara o acordo, sem consultar a categoria, um pecado mortal para qualquer sindicato que se preze.
Mas vamos começar do começo. O sindicato entrou em greve reivindicando 15% de reajuste por perdas salariais e 5% de ganho real, um índice que prometia ser um dos melhores da história. O governo, por sua vez ofereceu 5,7%, chegando depois aos 6,49%. Diante do impasse estava delineado que a paralisação ocorreria, como de fato aconteceu.
Antes de tudo deve-se dizer que o que foi determinante para a derrota do Sintepp foi o aparecimento da liminar, determinando que os professores deveriam retornar às salas de aula em 24 horas, sob pena de pagar R$ 5 mil de multa por dia, além de outras penalidades se houvesse piquetes na porta das escolas.
A notificação, recebida na quinta-feira, durante a ocupação do prédio da prefeitura, balançou a confiança da diretoria do Sintepp e precipitou a derrocada da manifestação. Foi com a liminar na mão, que o prefeito atendeu o comando de greve, sabendo o que deveria ser dito para ganhar a parada. A bem da verdade, Darci não precisou dizer muita coisa, apenas aquelas coisas que são ditas em todas as reuniões com grevistas, que o município não pode pagar por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal e o que o reajuste era aquele mesmo: 6,49%.
A precipitação aconteceu nesse momento. Ao invés de trazer a proposta para a deliberação da categoria, a inexperiência turvou os sentidos dos grevistas e ali, na sala fria foi fechado acordo, alias como previra o prefeito, que de tão confiante se recusou analisar as outras reivindicações da categoria, como a substituição do secretário de Educação e mais transparência na administração pública.
Todos os analistas que acompanharam o caso concordaram que o sindicato ficou com medo da pesada multa, caso a greve continuasse e aí entra a inexperiência, já que os primeiros pontos de pauta que são negociados são o abono dos dias parados e as eventuais multas. Segundo, a liminar conseguida pela prefeitura poderia ser facilmente derrubada, já que ela atentava contra o direito de greve, além de estipular um percentual de 75% de professores em salas de aulas, quando a legislação estabelece 30%. Partindo desses pressupostos, a opinião geral, inclusive dos professores é de que o sindicato correu antes de ver o bicho. Mesmo assim alguns avanços foram registrados e há a possibilidade de uma nova paralisação. Resta saber se o sindicato conseguirá mobilizar a categoria novamente.
(artigo publicado no jornal HOJE, edição 419 – Coluna do Marcel)
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