"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Submundo do desenvolvimento

Tanto nos bairros mais antigos como nos mais recentes se verifica uma situação que é comum a todos: o mau cheiro impera, como se fôssemos uma cidade centenária. Na semana passada estive no Primavera e fiquei estarrecido com o odor desagradável de uma via pública, considerada bem urbanizada. O asfalto estava lá, não havia poeira, mas o esgoto corria tranquilamente pelas sarjetas, oferecendo à população doenças e a impressão que se vivia no submundo do desenvolvimento.

O que se nota é que em Parauapebas nunca houve a preocupação com essa coisa chamada sistema de esgoto. O atual prefeito e os que passaram “andaram” para essa necessidade. Durante os dois mandatos da então prefeita Bel Mesquita a cidade recebeu o projeto “Chão preto”, que asfaltou boa parte da cidade e nenhum metro de rede de esgoto. A cidade ficou bonita, mas fedia pra caramba.

Embora dinheiro nunca tenha faltado no caixa da prefeitura, o atual também passou batido e essas “bobagens” não fizeram parte do metiê.

Tanto Bel Mesquita com Darci Lermen são oriundos de regiões civilizadas onde não se coloca um metro de asfalto sem antes ter sido implantada a tubulação de esgoto.

Por que então nunca fizeram isso, se sabiam que era necessário, não só por ser uma questão de saúde pública, mas até mesmo pela questão urbanística? Resposta: pela lógica perversa de que esgoto fica debaixo da terra e não dá voto, ao contrário do asfalto, que salta aos olhos e costuma ser uma máquina de eleger prefeito.

Na outra ponta da corda, à mercê dos interesses políticos, o povo, que ainda não percebeu que esgoto é algo inalienável, inegociável, que não é favor nenhum de um governante dotar a cidade desses bens públicos, ao contrário, é obrigação, assim como é um direito do povo.

Evidentemente que isso ainda é uma questão de educação. Povo civilizado não aceita asfalto sem esgoto, porque sabe que o asfalto pode até tornar a cidade bacana e sem poeira, mas esgoto é o be-a-bá de uma civilização, fundamental na prevenção de doenças como diarréias, verminoses e mais um monte de patologias.

Ainda hoje se vê manifestações populares por asfalto, mas a questão do saneamento básico é constantemente esquecida. Isso tem que mudar.
(artigo publicado no jornal HOJE 418 - Coluna do Marcel)

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