domingo, 6 de junho de 2010
Faisal alerta para expansão da área de mineração da Vale sem compensação para o município
As vésperas da discussão sobre a ampliação da área de extração do minério de ferro de Carajás, que deve acontecer nos próximos dias, o vereador Faisal Salmen (PSDB) volta à carga contra Vale. longe de ser um discurso de um político recalcado e sem conteúdo, o alerta do vereador do PSDB diz respeito a Parauapebas, aliás, ao futuro de Parauapebas e deve ser analisado com muita seriedade.
HOJE – Ao longo da sua trajetória, o senhor sempre fez pesadas críticas à mineradora Vale, quando prefeito, deputado e agora vereador. Por quê?
FAISAL – Hoje eu tenho a satisfação de perceber que o povo de Parauapebas, principalmente a classe empresarial entendeu a minha mensagem. Hoje todos entendem que na nossa relação com a Vale nós merecíamos muito mais. A partir da experiência de Parauapebas, a Vale mudou sua relação com os municípios produtores de minério. Em Paragominas, Canaã, Ourilância, Tucumã ela investiu muito, mas em Parauapebas ela continuou deixando a desejar. O investimento que a Vale fez em Parauapebas foi praticamente nada. Para se ter uma idéia, a Vale reconstruiu Canaã, em Minas Gerais ela praticamente mantém cinco universidades, mas, o que nos temos? Nada.
HOJE – Recentemente a Vale anunciou o investimento de R$ 15 bilhões na implantação de um siderúrgica em Marabá. Você tem dito que o município ia perder muito. Por quê?
FAISAL - Perde por causa do nosso silencio Em Marabá a sociedade se organizou, a Associação Comercial comandou o processo, a imprensa se engajou e a frase que ficou famosa serviu de aviso: “não passará um grão de ferro por Marabá se a siderúrgica não vier”. A decisão que prejudicou Parauapebas e beneficiou Marabá foi uma decisão política e não técnica, porque a governadora pressionou, a sociedade pressionou, aqui não há pressão porque pessoas e entidades que deveriam pressionar têm interesses comerciais com a Vale. O que a gente deveria fazer é dar as mãos e juntar forças. A Associação Comercial, o Rotary, o Siproduz, a maçonaria, os sindicatos, a classe política, A rádio Arara Azul, a imprensa e principalmente a juventude, os alunos. É preciso ter a consciência que teremos em breve outra batalha para lutar, porque precisamos de uma compensação pelas perdas que tivemos. Eu defendo que a nossa compensação deveria vir em forma de uma universidade de ponta e uma escola técnica de formação ampla. Essa é uma luta de todos.
HOJE – Como assim?
FAISAL – Nós vamos ter a grande oportunidade de mudar o nosso destino nos próximos dias. A Vale vai fazer a ampliação da mina em Carajás. A mineradora vai começar explorar o ferro da mina do N-5 e precisa da autorização do povo de Parauapebas na audiências pública. Ela precisa disso para explorar ainda mais e ganhar ainda mais dinheiro. Nós temos agora a grande chance de negociar e garantir os nossos interesses. A gente não pode esquecer que de certa maneira a Vale se prepara para deixar Parauapebas, não nos próximos anos, mas ela já se prepara para o ferro da Serra Sul, que é em Canaã e é uma mina maior que a mina de Carajás. Não podemos deixar que aconteça em Parauapebas o que aconteceu em Itabira, Serra Pelada e Serra do Navio, no Amapá.
HOJE - Você defende uma ampla mobilização para uma contrapartida em troca da exploração do N-5?
FAISAL - No momento que a Vale investe R$ 15 bilhões em Marabá, com o apoio da governadora e que a própria governadora traz uma universidade para Marabá e não tem nada para Parauapebas a gente tem que saber que ninguém vai nos dar nada de graça; se quisermos alguma coisa teremos que lutar, teremos que achar uma matriz, se não for industrial, que seja educacional, com universidade de ponta, ou até mesmo um centro médico, como é Teresina, no Piaui, ou Araguaína, no Tocantins.
HOJE – Esse pacto seria liderado pela Câmara?
FAISAL - A Câmara pode ter esse papel de interagir com a comunidade e mobilizar a sociedade nessa audiência pública, mas as entidades, sindicatos, associações, as forças representativas da cidade precisam se envolver. Administrar a cidade não é só fazer obras, é pensar o futuro da cidade e o nosso futuro está em jogo. Nós não temos mais o ouro do Bahia, o manganês a Vale deixou de explorar, não temos níquel, não temos o cobre, temos que criar uma nova matriz, porque o ferro não é eterno.
HOJE - Vamos tratar do tema universidade com mais profundidade. Qual seria o modelo dessa universidade?
FAISAL - A universidade seria com cursos de medicina, licenciatura plena, geologia, engenharia, inclusive engenharia de minas, que tem apenas em Marabá, o que é mais uma contradição, a mina é aqui e o curso é lá. Temos que criar em Parauapebas um centro de conhecimento, isso representa viabilidade econômica, uma alternativa para o nosso futuro.
HOJE – Como a população deve ser mobilizada visando esse grande evento?
FAISAL – Primeiramente e devemos colocar no ginásio poliesportivo cerca de 20 mil pessoas e vamos discutir o que interessa para Parauapebas. Na audiência pública nós queremos a ampliação do N-5 para exploração da Vale. Não será apenas uma análise ambiental, mas uma análise social e até econômica, o que nós não podemos é dar um cheque em branco para Vale e dizer: “olha você pode explorar a vontade e nos tratar da mesma maneira que você tem nos tratado”. Não podemos fazer isso. Vamos dizer o seguinte: “você vai pagar o imposto, que é muito pouco e queremos a compensação”. Parauapebas precisará estar unida num mesmo propósito. Dessa audiência pública sairá a nossa universidade, ou não. A data se aproxima, o Ibama deve marcar essa audiência para daqui a um mês, tão logo volte da greve. Pela primeira vez vamos ter oportunidade de falar diretamente com a Vale e dizer o que queremos.
HOJE - Você acha que a ausência de representantes de Parauapebas na Assembléia Legislativa do Estado prejudicou o município nessas escolhas importantes?
FAISAL – Veja bem, Parauapebas tem 90 mil eleitores e das cidades grandes é a única que não tem deputado. Para se ter uma idéia, no dia que se definiu a siderúrgica de Marabá estavam em Brasília, a governadora, o prefeito de Marabá, os vereadores, associação comercial e a sociedade organizada. De Parauapebas não tinha ninguém. Eles estavam discutindo o destino do ferro de Carajás sem a nossa presença. Por isso é importante a eleição de representantes que zele pelos interesses do município. Eu sou pré-candidato a deputado estadual e devo ser candidato. Quando fui deputado era conhecido como deputado de Parauapebas e 90% dos recursos que eu trouxe foram para Parauapebas, como o asfalto da Ferrovia e do bairro da Paz, a regularização dos lotes do bairro da Paz, a vinda da Caixa, do INSS, terminal rodoviário, as escolas Faruk Salmen, João Prudência de Brito, Marluce Massariol, o aumento do ICMS, ou seja, as principais obras, do Estado em Parauapebas foi durante o meu mandato de deputado. Depois disso, não veio nada. Essa é a atribuição de um deputado: trazer recursos para o seu município.
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5 comentários:
Faisal mostra porque ainda é o político mais forte da cidade. Excelente a entrevista.
Florência Cícero de Oliveira
Marcel, Parabéns pela entrevista com Faisal. Ele fala de uma empresa que há muito tempo explora as riquezas de Parauapebas.
Faisal fala, mas quando foi prefeito fez muito pouco pela cidade.
AnÕnimo
KKKKKKKKKK Amigo vc deve ter chegado ontem, moro aqui desde 1983 e assisti o mandato Faisal, portanto afirmo a vc que as obras feitas por este guerreiro são tantas ao ponto de dizer com claresa que: Chico, Bel, Darci ( colocando o Darcir por ele ter mandato e não por obras) estes tres não tem 80% dos numeros de obras do Dr Faisal, mas mesmo assim perdoo Vc, pois vc e novo aqui, mas se quizer mostro a vc o parecer de obras do Leão acima citado.
se vc quizer e so solicitar e deixo o emailo pra vc.
Boa entrevista, acompanhei o governo de faisal assim como os demais,acho faisal parecido com o chico, os dois trabalharam equiparados pois na epoca a receita é 5% do que é hoje, gostaria de ver os dois ainda administrando esse municipio,acho que os dois entendem mais sobre ser humano, um é medico e vive a lidar com os humildes, o outro saiu de um familia humilde do maranhão,também sabe oque lidar com os mais humildes. Será que não podemos unir os dois, e ver eles administrando com a receita que é hoje.
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