"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 16 de julho de 2010

A nossa suprema incompetência

Com foi prometido (e para mim promessa é dívida) estamos nós falando da do raio da siderúrgica novamente. Feito um disco de vinil arranhado, esse argumento incomoda porque expõe a nossa suprema incompetência em lutar pelos nossos interesses.

É por isso que vamos construindo nossa história de forma bisonha, perdendo até campeonato de cuspe a distância. Foi assim na questão dos hospitais regionais, quando Parauapebas foi preterida, o que obrigou o município a construir o seu próprio hospital, que hoje não passa de um mondrongo de concreto inacabado e ridículo; na escolha dos núcleos universitários, um novo revés, dessa vez para Xinguara, no entanto, nada se compara a essa derrota monumental, que pode inviabilizar o nosso futuro.

Os que se espreguiçam nos palacetes acarpetados haverão de achar que somos uma espécie de profeta do caos, afinal de contas, a cidade está numa boa e arrecada uma grana preta, responsável pela boa vida a uma penca de malandros que se assenhoreou do poder. Essa malta esquece apenas de projetar a Parauapebas das gerações seguintes. O ferro, que no início dos anos 80 se dizia que era para 300 anos, com a volúpia extrativista da Vale, não vai além de 50 anos e Serra Sul é de Canaã (é bom não esquecer disso). Sem uma outra matriz econômica, dá pra imaginar os problemas que nos aguardam.

Não é possível mensurar o tamanho do nosso prejuízo agora, mas, uma pequena amostra nós teremos nos próximos quatro anos, quando a nossa mão-de-obra qualificada, as nossas melhores cabeças tiverem que arribar para Marabá, em busca de melhores oportunidades profissionais; quando investimentos destinados a Parauapebas mudarem de endereço e aportarem na cidade vizinha, ou quando empresas geradoras de postos de trabalho perceberem que o filé está a 165 quilômetros e levantarem acampamento.

Ainda há tempo, se não para reverter o quadro que se apresenta definitivo, para repensarmos as nossas relações com a Vale e entendermos que ela é apenas uma empresa que visa lucro, apenas isso e que nós temos a matéria-prima. Um precisa do outro. Ela (a Vale) vai tentar lucrar o máximo, no que está certa e nós teremos que exigir o máximo dela. Que tal começarmos com a universidade, proposta pelo vereador Faisal Salmen?
(artigo publicado no jornal HOJE 422 - Coluna do Marcel)

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