"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Estratégia equivocada

Se depender dos vereadores de oposição, outros requerimentos, solicitando prestação de contas do Poder Legislativo entrarão na pauta nas próximas sessões legislativas. Por outro lado, se depender do entendimento do líder do governo, Odilon Rocha de Sanção (PMDB), a base governista vai rejeitar tantos quantos aparecerem.


Até o momento dois requerimentos foram solenemente ignorados pelos vereadores da base. O primeiro solicitava a prestação de contas dos recursos referente a entrada dos royalties nos cofres municipais e o segundo informações sobre uma empresa, que presta serviços à prefeitura e ganhou milhões de reais nos últimos anos e convenhamos, não se vê serviços compativeis com o montante faturado. Nas duas proposições, o líder do governo recomendou a base que não as aprovasse. Como era de se esperar, os vereadores seguiram o script e como não poderia deixar de ser, foram vaiados demoradamente, enquanto os quatro vereadores foram aos píncaros da glória. Para a semana que vem , um novo requerimento carne de pescoço já está no forno. Trata-se de um pedido de prestação de contas dos repasses da prefeitura para a Liga Esportiva de Parauapebas (LEP). Vem aí mais emoção nos próximos capítulos.


Ainda que não fizesse outra coisa que não fosse o esperado, já que é da escola do “bateu, levou”, Odilon tem se equivocado constantemente na estratégia de endurecer para convencer os adversários de que o governo não está para brincadeiras. A ideia de passar o rolo compressor está tendo um efeito contrário, o tiro está saindo pela culatra uma vez que tudo leva a crer que os vereadores contrários à administração Darci Lermen não vão parar por aí, ao contrário, a estratégia é exatamente essa: apresentar um dilúvio de requerimentos capciosos, expondo assim os vereadores da base à desaprovação da opinião pública. Para a oposição, a coisa está saindo melhor do que a encomenda. O prefeito está sendo desgastado e de quebra está arrastando os vereadores junto.


Odilon e os demais vereadores talvez não tenham percebido que a saia justa acontece justamente numa hora em que os desdobramentos podem atrapalhar os planos de cada um numa possível reeleição.


Partindo do pressuposto que requerimentos não têm força de lei e atendê-los depende exclusivamente da boa vontade do chefe do Executivo, se verifica que é muito desgaste por quase nada.


Ora, considerando o pouco caso do prefeito com as coisas do município, imagina-se que os requerimentos aprovados na Câmara não cheguem nem perto da sua mesa e se chegarem, não serão lidos. Vão para o lixo, para o arquivo, enfim, só não vão parar em lugares bem menos nobres pela aspereza do papel.


Diante disso, eis a pergunta: Compensa se desgastar tanto por tão pouco?

(artigo publicado no jornal HOJE 454 - Coluna do Marcel)

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