Ainda que um tanto atrasado (por motivo de viagem), o blogger reproduz o pedido de desfiliação do eminente professor Leo Mendes do PT, assim como o manifesto, que nessa altura do campeonato já de conhecimento geral.
É importante frisar, principalmente para quem não conhece das coisas do PT, que Leo Mendes não é um nome qualquer; ele, juntamente com a tendência Articulação de Esquerda (AE) era uma das mais combativas tendências do partido. Com a ausência de Leo Mendes, o PT sofre um duro revés. Leo era a base moral de um partido que se acostumou a barganhar, se prostituir e ter total desprezo com a coisa pública.
Veja a carta e o manifesto:
A carta de desfiliação
"Eu,
Leônidas Mendes de Araújo Filho, Título Eleitoral 033074961287, venho
de livre e espontânea vontade, e em caráter irrevogável, apresentar meu
pedido de desfiliação dos quadros deste Partido dos Trabalhadores
(PT/Diretório Municipal de Parauapebas/PA). Abaixo, em carta manifesto,
inspirada no ex-deputado pernambucano Mauricio Rands, aponto as causas
que me motivaram tão radical decisão, depois de 26 anos de militância,
06 dos quais nesta cidade".
“Venho aqui me comunicar
diretamente com meus companheiros (em especial, os da Tendência Interna
Articulação de Esquerda – AE), amigos e com o povo de Parauapebas, em
especial com os militantes do Partido dos Trabalhadores – PT, que
compartilharam comigo tantas lutas pela construção de uma cidade melhor e
mais democrática, bem como, por um governo municipal mais
participativo.
Nas prévias internas de definição
do candidato do PT, participei de intenso debate sobre Parauapebas,
sobre o partido e o governo que queríamos para nossa cidade. Interagi
com os militantes, na compreensão conjunta de que a melhoria na condição
de vida na cidade é um processo de construção coletiva no qual o
partido tem grande responsabilidade em servir de exemplo na demonstração
de práticas democráticas. Testemunhei todo o engajamento desprendido e
consciente de muitos companheiros/as nesse debate. Destes militantes,
levarei sempre as melhores lembranças e a eles sou profundamente grato.
Depois da decisão, surpreso com
os métodos e práticas utilizadas pelo atual governo para assegurar a
vitória de sua candidatura preferida, ainda que a contragosto, me
dispus, mesmo decepcionado com a submissão de alguns companheiros, a
contribuir para uma profunda mudança de rumos seja no partido, seja no
próximo governo, posto que, em meu entender, o atual está irremediável e
inexoravelmente corrompido.
Muito ponderei sobre o processo
das prévias e sobre o momento político mais geral. A pedido, e por
indicação da Coordenação Municipal da AE, ainda tentei, contra minhas
convicções políticas e ideológicas, integrar-me a Coordenação da
Campanha Majoritária, onde encontrei resistências em relação a minha
pessoa e ao grupo político do qual fazia parte. Concluí, então, que
esgotei por inteiro a minha motivação e a razão para continuar lutando
por uma renovação no PT/Parauapebas. Percebi terem sido infrutíferas e
sem perspectivas minhas tentativas de afirmar a compreensão de que o
‘como fazer’ é tão importante quanto o resultado.
As diferenças de métodos e
práticas, aliás, já vinham sendo por mim amadurecidas e acumuladas há
algum tempo. Todavia, esse processo recente fez com que as divergências
ficassem mais claras e insuperáveis. Na luta pela renovação do partido,
infelizmente, têm prevalecido posições autoritárias e, burocraticamente,
distantes da realidade dos militantes e, por serem motivadas por
interesses pessoais, às vezes, inconfessáveis, contrárias ao pensamento
da base partidária, como vimos, agora, nessa esdrúxula e descabida
aliança com o PMDB, cujos métodos só reforçam minha profunda decepção.
No debate das prévias, minha
candidatura buscou construir uma legítima renovação por dentro do PT.
Mas, lutamos também para renovar os procedimentos, com o objetivo de
reforçar as práticas democráticas. Porém, setores dominantes do governo
municipal já tinham outro roteiro que não o debate democrático com a
militância do PT e sua livre decisão. Ou seja, cometeram o grave
equívoco de ter a pretensão de impor, e impuseram, a partir da antessala
do prefeito Darci Lermen, um candidato ao PT e ao povo de Parauapebas.
Por não terem dialogado com a
militância do PT, ignoraram que existiam alternativas, procedimentais e
de quadros, dentro do partido, que unificariam o partido em torno de uma
candidatura do PT: lamentavelmente, essa unidade resultou rompida.
Diante da minha discordância com essa ruptura provocada pela intervenção
governo municipal, concluí que cheguei ao fim de um ciclo na minha vida
de militante partidário.
É nesse quadro que comunico aqui
três decisões tomadas por mim. Primeiro, a minha desfiliação do PT.
Segundo, a devolução do meu mandato como membro do Diretório Municipal.
E, por último, meu afastamento definitivo do cargo de secretário adjunto
da Secretaria Municipal de Planejamento.
Existiram diversas razões que me
levaram a este caminho. A mais crucial dá-se no nível da minha
consciência. Sempre agi, na vida e na política, com o maior rigor entre o
que penso e o que faço. Sempre cumpri os deveres da minha consciência.
Defendi nos debates partidários a renovação do modo petista de governar e
a implantação de um novo modelo de gestão em Parauapebas. Modelo capaz
de aprofundar nossa concepção de democracia participativa e
especialmente de trazer para a cidade novos métodos e ações na condução
da ‘coisa pública’ (da res publica, como diziam os antigos romanos).
Minha experiência como secretário
adjunto do governo municipal foi fundamental para entender a
importância da política de fazer, com formas competentes e inovadoras de
gerir os recursos públicos e promover a inclusão social. Bem como,
daquilo que não compartilho, não concordo e de que não mais me disponho
ao silêncio.
Ainda nos debates das prévias,
defendi a renovação das práticas e dos quadros partidários, bem como a
melhoria da articulação política do governo municipal com o parlamento,
os partidos da base e a sociedade civil organizada. Nesses anos de
militância, dediquei grande parte da minha vida a fortalecer o campo
democrático-popular, lutando para aumentar a participação e a
consciência política do nosso povo.
Amadureci as decisões que acabo
de tomar com base em fatos altamente relevantes que impactaram minha
consciência de cidadão. Entre estes, a percepção do desamor, do descaso e
do abandono a que Parauapebas vem sendo submetida, em especial neste
segundo mandato do prefeito Darci Lermen, que não se mostrou à altura
das necessidades de nosso povo. Ao Partido dos Trabalhadores, não perdoo
a conivente irresponsabilidade que compartilhou com tão ingerente
prefeito: tudo viu, nada fez! E não posso crer que tais práticas,
pretéritas e presentes, possam resultar diferentes no futuro!
Por fim, dirijo minhas últimas
palavras aos companheiros/as da Articulação de Esquerda, vez que, mais
que quaisquer outros, foram os mais sacrificados por se manterem ao meu
lado e terem defendido meu nome nas prévias internas. Mas, por terem
testemunhado minha lealdade, minhas convicções, minhas esperanças e
minha disciplina em defesa de nossas teses, da democracia partidária e
de uma Parauapebas melhor. Eles sabem como é dolorida minha extremada
decisão!
Esclareço-os que o faço na
certeza de que agora, sem o embaraço de minhas posições, talvez, nossos
adversários internos possam não mais se voltar contra eles, se o
objetivo de algum modo fosse obstaculizar minhas práticas e minhas
opções políticas e ideológicas. Tenho certeza de que saberão compreender
meu sacrifício! E, quem sabe, poderemos um dia, num futuro que espero
não distante, estarmos novamente juntos em defesa de nossas idéias e na
certeza de que seremos capazes de realmente transformar nossa cidade,
torna-la melhor, mais justa e mais democrática!
Como esta posição tem graves
implicações para minha vida partidária, decidi que devo sair do PT e,
com dignidade, devolver todas as funções que exerço em nome ou dentro do
partido. E como gesto concreto de que não se trata de um jogo menor, de
barganha por espaços de poder, decidi também sair definitivamente do
governo municipal. Esse é o custo, sem dúvida, elevado, de ser fiel à
minha consciência cidadã”.
Parauapebas, 18 de julho de 2012
Leônidas Mendes de Araújo Filho
2 comentários:
Não sei que refez esse faz, aqui no PT nuca foi nada, desde quando pentelhar e bagunsar e alguma coisa, nunca contribui com a Historia do PT de Parauapebas e forasteiro foi espulso de PT da Paraiba tres vezes e aqui nunca passou do que é por não ser de confiaça. O que não presta pode ir pro PSD e melhor agora do que no futuro comprometer e manchar o partido
Se é que é possível manchar mais alguma coisa ali. Como todo mundo sabe, o PT de Parauapebas, assim como o do resto do país, de mensalões e dolares na cueca está mais sujo do que pau de galinheiro.
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