"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Para a posteridade

Quem esteve na sessão inaugural do dia 12 presenciou um discurso que deveria ficar para a posteridade. Não é novidade para quem acompanha a política local, o poder e a contundência do discurso do vereador Faisal Salmen; se até na Assembleia Legislativa, onde ele exerceu dois mandatos, era considerado o expoente máximo da oratória, imagine na Câmara de Parauapebas.

A despeito da sua habilidade com as palavras, Faisal andava à meia boca, brilhava em alguns momentos, mas, na maioria das vezes deixava se levar ela mesmice histórica do nosso Legislativo.

Na sexta-feira ele voltou aos seus melhores dias (e olha que ele não esbravejou contra a Administração Pública). O seu alvo foi a Vale, que anunciou um investimento para o Pará, de R$ 60 bilhões para os próximos quatro anos. Como sempre acontece (até porque possui uma consciência política muito mais aflorada que a nossa) Marabá saiu na frente e de quebra levou a siderúrgica algo que deve render 15 mil empregos e um investimento de R$ 3 bilhões.

Na frente de Luís Veloso, representante da Vale na sessão, Faisal enfatizou o pacto entre os segmentos representativos da cidade vizinha, dentre os quais a imprensa, a Associação Comercial, a classe empresária e a classe política. A idéia ainda que simplista era clara: a Vale não transportaria o minério de ferro de Carajás pelo seu território, se a siderúrgica não fosse ficasse em Marabá.

Não se tem notícia de uma única reunião nesses moldes em Parauapebas. A filosofia de que ca edição, seguinte ada um por si e Deus por todos sempre vigorou por essas bandas. Em outras palavras: político fica rico e a cidade constrói a sua história recheada de derrotas.

Analisando a coisa acuradamente, qual seria o direito de Marabá em pleitear a siderúrgica, se tecnicamente, pela distancia da mina, pela necessidade de se construir uma estrutura que aqui já existe, Parauapebas é muito mais privilegiada? Se o ferro que vai alimentar os fornos da siderúrgica de Marabá é de Parauapebas cabe uma pergunta: até quando o município vai alimentar o desenvolvimento alheio, quando a cidade tem milhares de questões a serem resolvidas, como, por exemplo, provê estrutura para os milhares de imigrantes que chegam todos os mês na cidade? Essas questões foram colocadas na mesa pelo vereador, que lembrou que no início dos anos 80, quando os primeiros pioneiros chegaram se falava que o ferro de Carajás era para 340 anos. Como passar do tempo e a constatação da fúria extrativista da Vale, já se falou em 140 anos, “hoje com a produção de mais de 100 toneladas por ano, o tempo de vida da mina n ao será superior a 40 anos”.

Quem deixou de ir à sessão legislativa inaugural deixou também de se confrontar com a realidade que muitas vezes é mascarada e escapa sorrateiramente dos olhares da população. Vamos voltar a esse assunto.

(artigo publicado no jornal HOJE - edição 402 - Coluna do Marcel)

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