Enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) promovia a posse da nova diretoria executiva e do diretório, ontem, 18 na sede do partido, na avenida Trancredo Neves, no Rio Verde, tendências mais à esquerda do partido, como Articulação de Esquerda (AE), Independentes, Opção Socialista (OS) e parte da Democracia Socialista (DS) divulgavam um documento denominado Carta Aberta a todos filiados e filiadas do PT/Parauapebas/PA e à população em geral.
No documento as tendências fazem um balanço do Processo de Eleição Direta (PED). O documento critica a condução política do partido e algumas práticas que foram criticadas por décadas como patrimônio político de outras agremiações e que hoje foram apropriadas pelo partido. O documento cita um vereador que ocupou a tribuna na sessão solene de reabertura dos trabalhos legislativos. “ em discurso proferido na Sessão Solene de abertura dos trabalhos legislativos municipais de 2010, deu conta de que vinha sendo pressionado por assessores e aliados, 'que o ajudaram em sua campanha vitoriosa de 2008, para a Câmara Municipal', a 'dividir R$ 200 mil reais', que 'boatos de botequim' dizem tê-los recebido para aprovar as contas da atual gestão municipal. A simples suspeita de algo assim possa ter acontecido, ao ponto do “nobre parlamentar” anunciá-lo em discurso, no púlpito da Câmara Municipal, perante toda a sociedade de Parauapebas, se propondo a “renunciar do mandato que lhe foi conferido pela população”, se a denúncia fosse verdadeira, como o fez, é por demais chocante e, indubitavelmente, aponta os métodos de que ora se valem aqueles que estão à frente do partido. E diz-nos muito de a que ponto chegamos! Se nossos correligionários, militantes, filiados, companheiros de primeira e última hora, assim nos vêem; se chegamos ao ponto de nossas divergências se referirem a montantes (e que montantes, diga-se de passagem!); cabe-nos perguntar: como será que nos vê a sociedade em geral?
O manifesto ainda denuncia a falta de diálogo do grupo que ganhou as eleições do partido, que estaria tentando traçar diretrizes de cima para baixo, a revelia das tradições do partido, notório por dar vez e voz a todos os filiados.
Por fim, a carta critica duramente a administração municipal atual, lançando dúvidas se ela seria mesmo petista. “As dissensões internas, que têm enfraquecido e desabonado o PT de Parauapebas, também vêm se refletindo em “nossa (?) gestão” à frente da Administração Municipal, atualmente, total e absolutamente desacreditada e distante de nossa população e de suas aspirações. As mesmas que em 2004 e em 2008 motivaram “nossas (?) vitórias” eleitorais! Cansada nossa população dos “velhos grupos políticos”, acreditou ela que conduzindo o Partido dos Trabalhadores (repetimos: o Partido dos Trabalhadores!) à frente da gestão municipal estaria, de vez por todas, se livrando dos “velhos nomes”, das “velhas práticas”, do “descaso social e administrativo”. E eis que, pelo alvitre do atual gestor petista (?), através de “aliança” (?), sabe-se lá sob que motivações, os “velhos” e “velhas” (aqui sem qualquer sombra de desrespeitos aos nossos senhores e senhoras da terceira idade, que, aliás, respeitamos muito, e que nos são referências) são “politicamente ressuscitados” e de novo colocados no “jogo político” do qual nossa população, pelo sufrágio democrático, os havia excluídos!
Distante do PT, de suas bandeiras históricas e de seus compromissos sociais e políticos, “nossa (?) gestão” desencaminhou! Tornou-se administradora de “picuinhas” e “vaidades”; de “avôs” e de “netos”; de “luíses” e de “joões”; de “adesivos” e de “engoves”! E entre “netos” e “avôs”, “vaidades” e “picuinhas”, a “cidade vai se desmanchando como ‘Sonrisal’ em água”: as ruas são como “tábuas de pirulitos”; o “famigerado horário intermediário” das escolas públicas municipais continua e nada indica que terá fim próximo; as secretarias municipais são como “feudos”: é o mais arcaico e tenebroso “patrimonialismo”, isto é, o uso da “coisa/máquina pública” para fins privados; como uma “verdadeira propriedade”; cada qual conduzida pelo seu “senhor feudal” (ou melhor seria “coronel”, como no tempo da “política dos favores” da República Velha, pois, que é de “favores” que se trata? Foi-se a política; veio o “montante”!)”.
O documento termina fazendo algumas sugestões ao governo municipal, como o retorno asa bandeiras históricas do partido, o apoio aos movimentos populares, a responsabilidade de o PT chamar para si a condução do governo.
Material publicado no jornal HOJE - edição 402 de hoje
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
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