"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 12 de março de 2010

A gente precisa de mais grana? Para que?

Com uma arrecadação que ultrapassa a R$ a 30 milhões por mês, a prefeitura de Parauapebas deveria estar empapuçada com tanto dinheiro, afinal de contas, a grana representa a segunda maior arrecadação do Estado, Lamentavelmente o dinheiro que irriga generosamente os cofres públicos e que falta no bolso do pobre, só tem servido para patrocinar a boa vida de apaniguados do poder e dos puxa-sacos de plantão.

Diante dessa dinheirama toda, a pergunta é a seguinte: será que a vasilha do “ter” da prefeitura nunca enche? Ao que parece não. No apagar das luzes de 2009, o rolo compressor da prefeitura fez uma visita na Câmara e conseguiu aprovar um aumento de 100% do valor da UFM, que a unidade fiscal da prefeitura, uma espécie de moeda paralela que serve de parâmetro para pagamento de dívidas da prefeitura. Se UFM sofreu uma majoração de 100%, na prática significa que todas as taxas da prefeitura subiram na mesma proporção. Moral da história, a grana que será arrecadada das grandes empresas pode até contribuir para a opulência notória do erário local, mas tem ferrado a vida dos mais pobres.

A insensibilidade do Poder Público é tamanha que até mototaxistas e vanzeiros são obrigados a desembolsar uma grana considerável (R$ 400,00 e R$ 600,00 em média, respectivamente) para continuar trabalhando.

Não se sabe ainda o porquê de tanta ganância, uma vez que todo mundo sabe (isso todo mundo sabe) que nada ou quase nada tem sido feito para beneficiar o cidadão. As ruas estão uma vergonha, mais parecendo um queijo suíço de tanto buraco; a água só por alguns poucos momentos durante o dia, num rodízio vergonhoso que já dura quatro anos; a construção do hospital está parada desde 2008 e os oito milhões que seriam gastos há muito estão defasados (fala-se em 20 milhões). Por fim, a prefeitura, que se diz a casa do povo, está localizada no pé do morro, muito perto da conchichina, onde o povo não poderá ir com facilidade. Em parte é bom, assim a plebe não poderá ver o monte de pixotada e erros de projeto, que com certeza ainda vão consumir alguns milhõeszinhos.

Será que querem mais dinheiro para terminar a obra da prefeitura, ou a grana é para pagar uma nova inauguração, com banda de axé da Bahia e tudo? É melhor assim. O duro seria acreditar que boa parte dessa grana sairia de fininho para aquisição de fazendas com campo society e piscina, mansões e hilux.

Cá entre nós, para que tanta grana mesmo?

(artigo publicado no jornal HOJE, 405 - coluna do Marcel)

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