"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Repórteres e jornalistas

Na semana passada a imprensa comemorou seu dia em grande estilo. Nas dependências da sede campestre do sindicato Metabase, quase uma centena de profissionais de comunicação, dentre os quais, repórteres de TV, cinegrafistas, radialistas, locutores, jornalistas do impresso, proprietários de sites, blogueiros e ilustres visitantes se confraternizava, numa festa que recebeu a presença de ilustres convidados.

Ao vê a ebulição da nova geração, que confiante e cheia de moral, voa a céu de brigadeiro, não pude deixar de lembrar dos primeiros tempos, lá pelo idos de 1998, quando Flávio Sacramento e eu resolvemos fazer jornalismo, numa cidade sem qualquer perspectiva nesse sentido.

Deve-se dizer que no passado o município já vivenciara experiência de jornal impresso, com a Tribuna do Chico Brito, além de uma meia dúzia de rádios piratas, mas, jornalismo em ritmo profissional e periodicidade definida, o Correio do Pará com certeza era o primeiro.

De lá para cá muitas águas rolaram e como não poderia deixar de ser, a imprensa virou alvo de politicagens que acabaram viciando o segmento. Hoje em dia, a imprensa tem enormes dificuldades em se posicionar e o resultado são reportagens água com açúcar, como se vivêssemos na Suíça e a cidade fosse uma maravilha. Nem parece que estamos vivendo uma das piores crises da história do município.

Não sou muito de dar conselhos, mas, se tivesse que dar um toque à essa geração animada, diria que na comunicação existem repórteres e jornalistas. Repórter transmite informações, mas o jornalista é a consciência crítica de uma sociedade, os olhos e a voz de um povo. Sem uma imprensa séria e comprometida com a verdade, o povo se torna presa fácil dos interesses mesquinhos e urdidos nas sombras; todo jornalista é repórter, mas nem todo repórter é jornalista, disso ninguém pode olvidar .

Quando alguém abraça o ofício deveria se perguntar aonde pretende chegar. Se quer escrever o obvio ululante, ou mergulhar fundo e caminhar por caminhos ainda não percorridos; se quer conquistar teres e haveres, ou se lhe apraz ser a válvula de escape dos reclames da sociedade. Caso decida pela segunda alternativa, bem vindo ao clube dos jornalistas de ofício (ainda que não tenha freqüentado academia).

Por falar nisso, abraço a José Bento Zinho, Leo Mendes, Francesco Costa, Zedudu, PC, que está enfermo e faz muita falta.
(artigo publicado no jornal HOJE, edição 417 - Coluna do Marcel)

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