"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


terça-feira, 5 de abril de 2011

Chico abusou da sorte

É, dessa vez o Chico andou abusando da sorte e deu no que deu. Desempregado e largado da mulher, ele deve ser mais um a engrossar a lista do seguro-desemprego. Mas apesar do recente infortúnio, Chico tem um rosário imenso de histórias para contar e sonha em dar a volta por cima ainda no primeiro semestre. Tem que voltar a trampar porque um homem sem trabalho é primo-primeiro de cachorro sarnento e não presta pra nada. Antes, porém, precisa reconquistar o carinho de Raimunda, uma morena de seus trinta e oito anos, bastante sacudida pra sua idade e mãe de dois filhos (um dele e outro que ele pegou pra criar, mas, o trata como se seu fosse), mas o diabo é que essa parte está difícil e ele reconhece que a culpa é toda sua. Ele realmente abusou. Desceu a serra na sexta-feira, com o dinheiro da quinzena e com uma par de amigos e passou direto pra bagaceira. Não era primeira vez que fazia aquilo, mas, essa vez seria diferente pois não voltaria na madrugada com as desculpas antigas, que Raimunda aceitava, ainda que soubesse que não passavam de potoca, sem pé nem cabeça. Começou pela Cidade Nova, e fez a romaria pelos botecos, indo parar no “Costa pra rua”. Na madrugada, hora em que costumava retornar para casa, foi convencido a ficar um pouco mais e amanheceu nos inferninhos da vida, se engraçando com uma cabrocha e misturando cerveja com cachaça barata. Quando o sol bateu no meio da cara, ele se dera conta do que fizera e planejara voltar, mas a cabeça fraca foi novamente convencida a ficar mais um pouco. Num condomínio rastaquera no bairro da Paz, no meio de um monte de peões, Chico mostrou o seu lado boa praça e desandou a contar anedotas e em pouco tempo era o centro das atenções. Conclusão: ninguém o deixou sair e ele ainda teve tempo de fazer o tour completo éça cidade, indo parar num rasga-sunga perto da Ilha. A segunda-feira o encontrou dormindo numa calçada, nas proximidades do “Mamãe não me acha”. Por muito pouco não levou um corretivo, quando se descobriu sem uma pataca no bolso e teve que encarar o dono do boteco, que não queria acordo. Teve que deixar o delular último tipo e a identidade, jurando de pés juntos que voltaria para quitar a dívida. Enquanto isso a pobre da Raimunda varava a noite nos hospitais, na casa dos amigos, em busca de informações. Será que Chico passara dessa para melhor? Que nada, a segunda-feira ainda lhe reservaria uma surpresa, que a bem da verdade, ela já desconfiava. Por volta das 10 horas, o indigitado, ainda bêbado, chegou em casa mais mais morto do que vivo, vomitou as tripas no chão do e roncou o dia todo. À base de bicarbonato e boldro ele se recuperou na quarta-feira, depois de meio-dia . Nem é preciso dizer que na quinta estava desempregado e para desconto dos pecados, Raimunda pegou o trem da sexta-feira e voltou para o Maranhão. Chico sabe que pisou na bola e foi muito canalha. O infortúnio o fez jurar que vai largar a “mardita”. Como bom nordestino, ele não desiste e nem volta para o Maranhão, aliás, só volta para o Maranhão para buscar Raimunda e dois bacuris. (Artigo publicado no jornal HOJE - Coluna do Marcel)

Um comentário:

Câmara de Dirigentes Lojistas de Parauapebas disse...

Nós da CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Parauapebas, gostaríamos de parabenizá-los pelo dia do Jornalista.

Os Tempos mudaram, mas a verdade continua sendo a principal matéria-prima para quem é jornalista.

Parabéns a vocês que fazem da profissão uma verdadeira missão de vida.

Câmara de Dirigentes Lojistas de Parauapebas