"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Espera

ESPERA
Marcel Nogueira
Será que ela vem?
Será que ela acredita
que o sono demora, que o amor sabe a hora
de morrer ou de esperar?

Será que ela vem,
quando o dia se abrir, bem de manhã?
ou depois de muitos dias,
quando o viço da alegria
sair porta afora?

Será que ela vem
Na poeira do tempo,
a reboque dos ventos tropicais
quando a solitude jogar fora a juventude
de outros carnavais?

Será que ela vem?
Será que ela está bonita?
Nos caminhos vazios
vai queimar os navios,
vai sofrer, vai desesperar?

Será que ela vem
na contagem do tempo e dos sinais?
sem virtude, sem vicios, só mulher,
uma rainha da ralé
e dos homens do cais?

Será que ela vem
com perfume barato,
e os falsos recatos habituais?
como algo importante que se torna irrelevante
no entardecer da vida fugaz.

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