Já escrevi aqui algumas vezes sobre Carolina e seus encantos, de modo que a beleza da provinciana cidade, que data do Brasil império é bem conhecida, seja pelos meus relatos, ou até mesmo pelos sites especializados em turismo.
Apesar dos atrativos, o objetivo da minha visita foi rever Seu Bento e D . Diana, meus pais, que carregam um bom punhado de anos nas costas. Como fui sem a família me preparei para um réveillon tranquilo e sem agitação, monótono até. Acostumado a ebulição característica de Parauapebas, já me preparava para a quietude da centenária cidade, quando Willian Bayerl e Rui Guilherme, acompanhado da família apareceram por lá, em pleno 31 de dezembro, a tempo de estourar a champagne em solo maranhense.
Depois da virada, já no domingo demos uma esticada no tradicional mercado. A bem da verdade, o tal mercado não é lá essas coisas, não tinha, por exemplo, o movimento de uma Feira do Produtor, entretanto, contém todos os elementos de uma boa feira nordestina; bons contadores de causos, que entre um gole de café preto, ou uma talagada de cachaça de cabeça, daquelas de dá dor de dente em serrote, direto do alambique, desfiavam repertórios de episódios do sertão, quase sempre entremeado de invencionices. No setor do peixe, caranhas, maparás e tambaquis disputavam a atenção dos frequentadores dominicais, que reclamavam que depois da implantação da barragem do estreito, o peixe ficara escasso e os preços estavam pela hora da morte.
O negócio era dar um bordejo na parte externa do mercado, onde vendedores de rede disputavam espaço com o homem da cobra, que vendia o elixir milagroso. Tiro e queda para panariz, unha encravada, lombricoide e ainda por cima levantava o moral do sujeito, que não ia bem na alcova. No passeio público, o mestre das ervas aromáticas anunciava aos quatro ventos o preparado de manjericão, sortilégios para amarrar marido, sossegar corno e arruda para afastar mau olhado.
Dando um toque de modernidade, vendedores de DVDs e CDs, sem a presença incômoda da política. Mais à frente, a barraca concorrida da D. Luzinha, repleta de cuscuz de arroz, bolo de arroz e puba e broa de milho. A barraca existe há pelo menos 30 anos e a toada é sempre a mesma. Muita conversa fiada e salvo algumas gambiras, só trocados e mais nada.
Para não voltar com as mãos abanando, Willian Bayerl cismou de comprar uma baladeira, feita com pneu de caminhão. “Essa aqui é pra dar na cabeça de político safado do Peba”, disse.
Ainda que a tirada improvisada tenha provocado riso, pelo sim, pelo não, acabei comprando por três “mirreis” outra baladeira, afinal, nunca se sabe...
(Artigo publicado no jornal HOJE - Coluna do Marcel)
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário