Os prós e os contras dos grandes loteamentos

Vista da avenida dos Ipês, na Cidade Jardim
Capa celante completamente deteriorada
Asfalto de má qualidade

Os grandes empreendimentos imobiliários são os negócios mais lucrativos dos últimos tempos. Com a expansão do perímetro urbano, as áreas do entorno da cidade passaram a valer ouro.
Dentro de poucos anos, Parauapebas quase que dobrou de tamanho. Diferentemente de outras épocas, quando os loteamentos recebiam licença da prefeitura e não apresentavam a menor infraestrutura, o que acaba gerando problemas para o Poder Público, que tinha que provê energia, água, pavimentação e às vezes até a abertura de ruas, com o acontece nos bairros Beira Rio II e Jardim Canadá, os novos loteamentos são bem mais modernos e possuem benefícios que os de antigamente nem sonhavam.

Os novos loteamentos (Amazônia, Parque dos Carajás Nova Carajás e as três etapas da Cidade Jardim totalizam mais de 20 mil terrenos, todos vendidos. Essa explosão de venda mudou o eixo da cidade, que passou a crescer para os lados de Curionópolis e Canaã dos Carajás. Shopping center da cidade e até condomínio de luxo foram implantados nessa parte da cidade, o que por si só revela a saúde dos empreendimentos.

Embelecido na avenida dos Ipés, logradouro principal do loteamento Cidade Jardim 1, Marivaldo Cruz está muito animado. Com dificuldades adquiriu uma área de 400 metros² e deve inaugurar uma loja de materiais de construção nos próximos dias. “Estou muito satisfeito e certo que fiz um bom negócio, porque poucas vezes eu vi uma demanda tão grande”, diz, admirado. Marivaldo tem razão. Ao longo da avenida são mais de 20 lojas do segmento e até onde se sabe, todas estão vendendo muito bem, obrigado.

Problemas – Apesar da pujança, nem tudo são flores, a começar pelo financiamento de alguns loteamentos em 180 meses. Com um contrato leonino, no qual os interesses da empresa loteadora são colocados a salvo, em detrimento do cliente e com juros de 6% ao mês, além de multas e a ameaça contratual de perda do imóvel em caso de atraso, fica claro que boa parte dos imóveis vendidos são um bomba-relógio, com prazo determinado para explodir, o que de certa maneira seria um ganho para o empreendimento imobiliário.

Além disso, há outras distorções que prejudicarão os clientes e a sobrecarregarão o Poder Público. Não se sabe ainda como, os loteamentos conseguiram na prefeitura licença para implantação da infraestrutura das ruas com asfalto, água e energia, mas não há nenhuma exigência com relação ao saneamento básico. Hoje em dia, as fossas, que pareciam ser coisa do passado estão presentes nas edificações dos loteamentos.

Sem a devida fiscalização por parte do Poder Público, o que se percebe é que o asfalto é de péssima qualidade e menos de dois anos da sua aplicação ele já se encontra completamente deteriorado. A avenida dos Ipês, na Cidade Jardim, por exemplo, está infestada de grande crateras, que atrapalham o tráfego de veículos. Aliás, sobre o asfalto, há uma clara tentativa de ludibriar o comprador e a prefeitura. Nas ruas transversais, o que se vê é apenas uma camada de piche, com brita fina por cima. Esse tipo de serviço, também conhecido como capa celante não deve ser confundido com asfalto.

A boa notícia é que a Administração Municipal decidiu que a partir de agora só autorizará loteamentos que tenham infraestrutura completa, incluindo saneamento básico.