"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Uma singela homenagem



“ É melhor viver 20 anos a 1000,do que 1000 anos a 20”

A frase é de Lulu Santos, mas bem que poderia ter saído da boca de Pedro Cláudio Moura Reis, o nosso “PC”. Com a mais cristalina das certezas dedico essas linhas a essa figura maravilhosas, sabendo desde sempre que PC, que nos deixou na madrugada de segunda-feira (14) viveu a vida com toda intensidade que lhe era possível.

A sua movimentada carreira de escritor, jornalista e cronista em Parauapebas é apenas uma mínima amostra do seu apego à produção literária, que começou ainda na sua fase de estudante secundarista, quando participava de política estudantil, e edição de jornal de colégio.

Por conta da sua atividade, considerada subversiva, ele teve que se refugiar na distante São Raimundo Nonato, uma pequena cidade do Piauí , onde casou, constituiu família e somou à atividade literária a outros ofícios, como dono de farmácia.

A alma irrequieta, entretanto, o traria para Parauapebas, onde em pouco tempo granjearia amigos, e por que não dizer, fãs do seu trabalho nos jornais da cidade.
Amante da noite e das boas companhias (femininas, principalmente) ele viveu em uma constante homenagem à vida. PC era uma dessas pessoas que deixaram marcas e pegadas. O linguajar um tanto caboclo, a habilidade em contar “causos” pitorescos, a pena ousada e divertida deram um colorido de variadas matizes na mídia impressa da cidade, onde por mais de cinco anos foi titular de uma coluna de crônicas no Correio do Pará e chegou a escrever algum tempo no HOJE.

Lembro-me como hoje, lá pelo idos de 2002 (salvo engano) quando fui apresentado a PC pelo seu filho Hipólito Reis, que na época ainda clinicava na rua D, perto do antigo cartório. Ao saber de seus dotes literários, convidei-o para escrever no Correio do Pará, jornal do qual na época era diretor.

Depois disso, nossa amizade aumentou muito e tínhamos um contato quase que diário, não só no jornal, mas em rodadas de amigos, onde ele costumava desfiar o rosário de anedotas (algumas impublicáveis).

Quando resolveu publicar seu livro de crônicas, ele me procurou para que o prefaciasse. Hoje percebo a honra a mim dispensada, honra essa que talvez não merecesse.

Nos últimos tempos o nosso PC enfrentou problemas de saúde. Vítima de dois AVCs, PC passou algum tempo numa cadeira de rodas, sendo ausência sentida das rodadas dos amigos, das noites de quinta na Palhinha e nas reuniões da Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará, da qual era membro.

Na madrugada de segunda ele nos deixou, mas como não passou pela vida an passant deixou uma obra registrada em livros (foram vários) e nos jornais da cidade.
Sem sua presença de espírito, matreirice e vivacidade, a cidade está um pouco órfã. Na falta de algo mais adequado para dizer nesse momento, modestamente me uno à família em saudade. Descanse em paz, Pedro Cláudio "PC" dos Reis.

Marcel Nogueira

Jornal HOJE

Um comentário:

Miguel Angelo Braga Reis disse...

Obrigado pelas palavras ilustre Marcel

Miguel Reis