No dia-a-dia, nas relações de trabalho e principalmente na política, não é raro encontrar aqueles caras, cujo prazer é se apequenar. Mais parece o sujeito do livro de Jô Soares, o “Xangô de Baker Street”, que de tão puxa-saco assumira a flatulência alheia. Imagino a cena do cidadão, mesmo sabendo que o pum tinha outra procedência, se penitencia num “desculpe, escapuliu”.
O Puxa-saco é isso mesmo, pernóstico e cara de pau. Adora fazer demonstrações gratuitas de desvelo. Com ele não tem tempo ruim; toda hora é hora de praticar o esporte da pelagem de saco. Não interessa a nomenclatura (babão, baba-ovo, sabujo, pau mandado, pela-saco, bajulador), vira e mexe, olha ele lá, pronto para servir, pronto para arrastar o rabo no chão.
Carregar pasta, buscar cafezinho, ser garoto de recados são algumas das atribuições que um verdadeiro puxa-saco sabe fazer como ninguém. No seu apego a arte, às vezes deixa de desempenhar funções mais importantes, só para ficar rondando, feito mosca de padaria, ouvindo conversa e balançando a cabeça, em sinal de aprovação.
O duro é encarar aqueles que riem das piadas sem graça do chefe, tomar chimarrão, mesmo sendo goiano ou maranhense e imitar sotaque gaúcho. O que tinha de gente assim nos primeiros tempos da a tual administração era uma grandeza (rareou depois, talvez porque o prefeito caiu em desgraça na avaliação popular).
Pior do que esses só mesmo os chamados limpadores de para-brisas. Eles têm uma estranha mania de chamar para si todo e qualquer desgaste que porventura o chefe possa ter. Isso é muito comum até mesmo nos veículos de comunicação. Quem nunca viu um desses veículos avançar sobre outro, no intuito de desviar a atenção e chamar para si uma polêmica, que por direito não era sua? O puxa-saco é assim, o velho é mais ladino e costuma utilizar técnicas de terrorismo e guerrilha, ataque à família, intimidação, panfletagem, telefones grampeados e coisas rasteiras. O pau mandado noviço, entretanto, é tão perigoso quanto. No afã de mostrar serviço, pode descambar pelo caminho da violência e não são raros os casos noticiados de crimes perpetrados por sabujos que resolvem por conta própria eliminar inimigos e desafetos do chefe. Esse tipo de leão de chácara trabalha na base do "bateu levou" e infelizmente tem uma penca deles por aqui.
A boa notícia é que a máxima de que quem não puxa saco, puxa carroça é furada. A maioria das vezes o cara que puxa o saco é o mesmo que vai puxar a carroça.
(artigo publicado no jornal HOJE - Coluna do Marcel)
quinta-feira, 2 de junho de 2011
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