Às vezes tem-se a impressão de que o vereador Wolner Wagner ainda não se deu conta de que o parlamento é o lugar mais apropriado para as grandes discussões. Talvez o vereador se lembre e tenha saudade de outros tempos e de outras legislaturas, nos quais os edis, de terno e gravata, se sentavam nos seus respectivos lugares e passavam às duas horas destinadas às sessões, com cara de paisagem e fazendo comentários sem o menor sentido, do tipo água com açúcar.
Diante das vozes discordantes dos quatro vereadores (Faisal, Massud, Adelson e Francis Resende) que se declararam oposição e até da possibilidade de 2011 se tornar um ano cheio de embates, o vereador, uma figura pacata e cordial por natureza, se assustou e voltou e usar seu tempo de tribuna para reclamar do clima “explosivo” e dos discursos “raivosos”.
É a segunda vez Wolner Wagner se assusta. Há uns meses, ele chegou a pedir harmonia na casa, “imaginem as pessoas entrando na Câmara e vendo a gente discutindo dessa maneira”. Na terça-feira ele deplorou a iniciativa dos vereadores em criticar a administração, “ao invés de criticar vamos nos unir e tentar ajudar”, disse. Depois da fala do vereador, um habituê da Câmara chegou a comentar: “eu acho que o Wolner vive em outro planeta”.
Guardados os exageros do habituê, deve-se dizer que o parlamento não é lugar de consenso e muito menos de unanimidade. O provérbio muito utilizado no mundo da política de que toda unanimidade é burra é a mais pura verdade. Se o eleitorado quisesse que os vereadores se comportassem como alunos de um seminário e que não discutissem, elegeria todos os vereadores de um mesmo partido, entretanto, na sua sabedoria quase primitiva, o povo constrói uma imensa colcha de retalhos, com ideologias e tendências tão diversas que de longe, mais parece o “samba do criolo doido” e coloca no parlamento. A esperança é que eles discutam tanto, que cheguem a uma solução que contemple os anseios do povo.
Por último, vamos considerar que o termo “parlamento” vem do italiano, que quer dizer local onde se “parla” (fala), de modo que os vereadores estão lá para falar. Vereador não faz obra, não ordena despesas e não mexe com os milhões que entram na conta da prefeitura. Só resta para ele, como atribuição, a prerrogativa de legislar, fiscalizar e falar, ainda que isso torne o ambiente da Câmara bem parecido com o caos. As soluções costumam aparecer no caos.
(artigo publicado no jornal HOJE, 446 - Coluna do Marcel)
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
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Um comentário:
Sabemos que o papel dos vereadores é fiscalizar, mas até agora não fiscalizaram nada e se comportaram como se fossem do mesmo partido.Só estão preocupados, agora, porque 2012 está próximo.Por que tanta omissão durante tanto tempo? Alguns eleitores não são mais tão bobos, caríssimos!!!!
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