Impressiona a quantidade de crimes violentos que tem ocorrido nos últimos tempos. Ainda que Parauapebas nunca tenha sido uma uma cidade muito pacata, mas, convenhamos, a coisa anda tomando dimensões superlativas, indecentes mesmo.
Não se pode esquecer, que o Projeto Carajás, que atrai gente de todos os recantos do país e o município acaba se tornando uma porta aberta para Brasil. É verdade que a imensa maioria dos chegantes é composta por pessoas honestas e que vêm para trabalhar, produzir e progredir, entretanto, no bojo dessa procissão que aporta na estação ferroviária, ou no terminal rodoviário, se mistura a ralé do submundo, escorraçados de outras plagas e malandros passados na casca do alho.
No meio dessa colcha de retalhos, gangues da periferia e (pasmem!) jovens bem nascidos da sociedade, encantados com uma fama ilusória e idiota, tentam tomar o lugar dos que partiram desse vale de lágrimas em refregas com a polícia, ou em intermináveis acerto de contas e vendetas.
Nos veículos de comunicação, matérias policiais tomam cada vez mais espaço, como, por exemplo, no último fim de semana, no qual perderam a vida seis pessoas, algumas com requintes de crueldade, como uma pessoa que foi decapitada na zona rural. Na mesma semana jovens, no auge dos vinte anos deixaram a vida escorrer entre os dedos, como se matar ou morrer fosse a ordem natural das coisas, ou como se a vida, que mal começou a florescer, pudesse ser dada em consumo.
Na quarta-feira, na saída da escola Chico Mendes uma cena de violência precoce revelou a realidade do presente, como uma bomba de efeito retardado, que pode explodir no futuro. Cerca de 50 garotos, de 14 a 16 anos insuflavam um adolescente da mesma idade a entrar em confronto com um outro colega de escola. De repente, no meio da chuva, por muito pouco a rua B não se tornou uma praça de guerra no sentido mais amplo da palavra, numa briga generalizada.
Não resta dúvida, algo está errado, talvez tenhamos que repensar tudo, desde as relações de família, medidas sócio-educativas, até a repressão que muitas vezes é efetuada de forma equivocada. Será que a omissão da família não está sendo o início de uma tragédia anunciada? Será que a maneira contemplativa da sociedade não tem deixado o sinal verde para o afloramento dos piores instintos? Será que o nosso sistema penal não virou apenas um depósito de seres humanos, que a sociedade deseja se livrar? Pesemos nisso, pensemos também que redomas sociais não existem.
(artigo publicado no jornal HOJE 436 - Coluna do Marcel)
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