"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sábado, 13 de novembro de 2010

O cúmulo da inrresponsabilidade

Poço cada vez mais difícil no LIberdade II Jorge sofre
Caixas d'água vaizas, uma rotina no bairro


Assim com tantos outros bairros que foram implantados no final da década de 90, o Liberdade II é hoje um bairro densamente povoado; assim como outras localidades que se ressentem dos serviços públicos essenciais, o Liberdade convive com o descaso e o abandono das autoridades; por fim, assim como outras comunidades, os moradores do Liberdade II são obrigados a conviver com a irresponsabilidade da Administração Pública que condena milhares de pessoas a humilhação de rastejar atrás de água potável por anos a fio.


Localização -

Localizado na divisa do Liberdade I, o bairro se ressente de tudo. Não tem esgoto, pavimentação asafáltica e o serviço de distribuição de água tratada não existe. Para resolver a situação, moradores improvisam mangueiras para tentar conseguir água na rede de distribuição do bairro vizinho, mas, em virtude da elevação do terreno, a água não consegue chegar nas torneiras.


Por conta disso, a população conta apenas com a distribuição de água feita pelos caminhões-pipas, que muita vezes demora até 15 dias para chegar. Nas ruas Rogério Cardoso, Lima Sobrinho, Pedro Miranda e as demais vias públicas do bairro, o que se vê são caixas d'água e recipientes vazios na porta das casas, com o que a esperar por algo que deficilmente aparece.

Calejada com o sofrimento a população aceita o suplício resignadamente. Não há grandes manifestações de desagrado, mas ao percorrer o bairro a reportagem descobre pessoas quejá não agüentam mais a irresponsabilidade de pessoas que foram eleitas para servir e ainda assim, se servem do povo. O aposentado Jorge José de Almeida é uma espécie de líder comunitário do bairro. À reportagem, ele mostra ofícios enviados aos Serviços Autônomos de Água e Esgoto de Parauapebas (SAAEP) solicitando a resolução do problema. Numa das respostas da SAAEP , o seu gestor, Edvando Cabral diz que ainda no primeiro semestre de 2010, com a inauguração da nova estação de Tratamento de Água (ETA), o problema seria resolvido. Como o ano se encaminha para o seu final, fica claro que a promessa não foi cumprida. Por ironia do destino, um grande reservatório de água está instalado no alto do morro que circunda o bairro, mas até a presente data ninguém foi contemplado com uma mísera gota de água. “Nós já estamos no final de 2010 e até o momento o reservatório continua desativado”, diz Jorge, se desculpando pelo estado deplorável da casa, que carece de limpeza, “estamos há mais de oito dias sem água, a casa está suja, não tem água nem para lavar roupa ou cozinhar”, Jorge diz que o que resta do precioso líquido está num balde, que ele conseguiu aparar na última chuva.


A cerca de 500 metros mais um drama. Até às 12 horas, a esposa de Jessé Vieira Souza espera pela passagem do carro-pipa. Segundo informações da família naquele dia não haveria almoço, por exclusiva falta de água, “só tem um pouco de água para beber” A dona-de-casa conta que há vários dias seus filhos não comparecem às aulas, “os uniformes estão sujos”, diz, envergonhada. Para comprovar a veracidade, Jessé mostra a caixa d'água de 500 litros completamente vazia.

Escola sem água


- Como ficar sem água não é privilégio apenas da população, a escola Elisaldo Ribeiro, localizada no alto do morro também está com os reservatórios vazios. Segundo informações, á caixa d'água de 10 mil litros, abastecida duas vezes por dia não agüentou a pressão da água e estourou. Por conta disso, desde sexta-feira os alunos estão sendo dispensados para retornar para casa.

Confirmando a informação do abastecimento sistemático dos recipientes da escola, a reportagem pôde comprovar a chegada do veículo, mas por causa das avarias das caixas, não foi possível o abastecimento. Se o carro pipa abastece a escola duas vezes por dia, o mesmo não acontece com o resto da população. O motorista Valdenor Martins, que reside no bairro há três anos afirmou que sempre conviveu com o problema, “muitas vezes a gente tem que colocar vasilhas no carro e sair em busca de água”. Valdenor, assim como Jorge afirma que encontra dificuldade em encontrar cisterna disponível. Para ter uma posição da prefeitura, a reportagem esteve na SAAEP. Na primeira vez foi informada que o expediente para o público externo era até as 12 horas. No dia seguinte o jornal retornou no órgão responsável pelo abastecimento e não pôde falar com o gestor Edvando Cabral. Segundo informações , ele estava na zona rural participando de uma inauguração na Vila Sanção.

Na SAAEP, o jornal foi informado que o abastecimento de caminhões-pipas estava suspenso porque a prefeitura estava inadimplente havia três meses. O jornal ficou sabendo que depois de muita negociação, os proprietários de veículos de abastecimento de água tinham voltado a trabalhar na esperança de receber o atrasado até a semana que vem. Caso o compromisso não seja honrado a possibilidade uma nova paralização é líquida e certa. Aliás, deve-se dizer que seguidamente há interrupção dos serviços por falta de pagamento por parte da prefeitura.

A informação causa estranheza, porque a prefeitura de Parauapebas nunca arrecadou tanto quanto agora, inclusive ele estaria com mais de R$ 100 milhões em caixa. Se com tanto dinheiro não pode pagar um dúzia de pais de famílias que prestam serviço à administração, é caso de se perguntar qual seria a serventia de tanto dinheiro que tem entrado na caixa registradora.

Referente a oferta de água tratada para a população, a informação que foi passada ao jornal é que a ETA está praticamente pronta, entretanto, a falta de energia estaria impedindo de o equpamento estrar em funcionamento. Segundo Orlando Meneses, da secretaria de Obras, a Rede/Celpa informou que até o final do ano o problema de energia de baixa qualidade estaria solucionado.

3 comentários:

Anônimo disse...

nós vivemos na cidade do "NÂO TEM"
_não tem água
-não tem luz de qualidade
-não tem internet de qualidade
-não tem saneamento básico
-não tem hospital
-não tem banco
-não tem fiscalização
-não tem telefone de qualidade
-não tem respeito no transito
-não tem se quer um 190 local

Anônimo disse...

Marcel, Parabéns pelo reportagem publicada no jornal hoje. Esse tipo de imprensa, que fala o que acontece na cidade está fazendo falta. Continue assim. Parabéns pelo blog, que também e stá muito legal.

Lucena

Anônimo disse...

Marcel, aqui é o Cícero, você já deve está acostumado com meus comentários, mas quando a gente vê matérias bem feitaas como essa da falta de água no Liberdade II a gente fica feliz de vê que pessoas como você são importantes na sociedade. A única observação é que o problema não acontece só no bairro LIberdade, a maioria dos também não tem bairros não tem água.

Abraços, Cícero