Caixas d'água vaizas, uma rotina no bairro
Assim com tantos outros bairros que foram implantados no final da década de 90, o Liberdade II é hoje um bairro densamente povoado; assim como outras localidades que se ressentem dos serviços públicos essenciais, o Liberdade convive com o descaso e o abandono das autoridades; por fim, assim como outras comunidades, os moradores do Liberdade II são obrigados a conviver com a irresponsabilidade da Administração Pública que condena milhares de pessoas a humilhação de rastejar atrás de água potável por anos a fio.
Localização -
Localizado na divisa do Liberdade I, o bairro se ressente de tudo. Não tem esgoto, pavimentação asafáltica e o serviço de distribuição de água tratada não existe. Para resolver a situação, moradores improvisam mangueiras para tentar conseguir água na rede de distribuição do bairro vizinho, mas, em virtude da elevação do terreno, a água não consegue chegar nas torneiras.
Por conta disso, a população conta apenas com a distribuição de água feita pelos caminhões-pipas, que muita vezes demora até 15 dias para chegar. Nas ruas Rogério Cardoso, Lima Sobrinho, Pedro Miranda e as demais vias públicas do bairro, o que se vê são caixas d'água e recipientes vazios na porta das casas, com o que a esperar por algo que deficilmente aparece.
Calejada com o sofrimento a população aceita o suplício resignadamente. Não há grandes manifestações de desagrado, mas ao percorrer o bairro a reportagem descobre pessoas quejá não agüentam mais a irresponsabilidade de pessoas que foram eleitas para servir e ainda assim, se servem do povo. O aposentado Jorge José de Almeida é uma espécie de líder comunitário do bairro. À reportagem, ele mostra ofícios enviados aos Serviços Autônomos de Água e Esgoto de Parauapebas (SAAEP) solicitando a resolução do problema. Numa das respostas da SAAEP , o seu gestor, Edvando Cabral diz que ainda no primeiro semestre de 2010, com a inauguração da nova estação de Tratamento de Água (ETA), o problema seria resolvido. Como o ano se encaminha para o seu final, fica claro que a promessa não foi cumprida. Por ironia do destino, um grande reservatório de água está instalado no alto do morro que circunda o bairro, mas até a presente data ninguém foi contemplado com uma mísera gota de água. “Nós já estamos no final de 2010 e até o momento o reservatório continua desativado”, diz Jorge, se desculpando pelo estado deplorável da casa, que carece de limpeza, “estamos há mais de oito dias sem água, a casa está suja, não tem água nem para lavar roupa ou cozinhar”, Jorge diz que o que resta do precioso líquido está num balde, que ele conseguiu aparar na última chuva.
A cerca de 500 metros mais um drama. Até às 12 horas, a esposa de Jessé Vieira Souza espera pela passagem do carro-pipa. Segundo informações da família naquele dia não haveria almoço, por exclusiva falta de água, “só tem um pouco de água para beber” A dona-de-casa conta que há vários dias seus filhos não comparecem às aulas, “os uniformes estão sujos”, diz, envergonhada. Para comprovar a veracidade, Jessé mostra a caixa d'água de 500 litros completamente vazia.
Escola sem água
- Como ficar sem água não é privilégio apenas da população, a escola Elisaldo Ribeiro, localizada no alto do morro também está com os reservatórios vazios. Segundo informações, á caixa d'água de 10 mil litros, abastecida duas vezes por dia não agüentou a pressão da água e estourou. Por conta disso, desde sexta-feira os alunos estão sendo dispensados para retornar para casa.
Confirmando a informação do abastecimento sistemático dos recipientes da escola, a reportagem pôde comprovar a chegada do veículo, mas por causa das avarias das caixas, não foi possível o abastecimento. Se o carro pipa abastece a escola duas vezes por dia, o mesmo não acontece com o resto da população. O motorista Valdenor Martins, que reside no bairro há três anos afirmou que sempre conviveu com o problema, “muitas vezes a gente tem que colocar vasilhas no carro e sair em busca de água”. Valdenor, assim como Jorge afirma que encontra dificuldade em encontrar cisterna disponível. Para ter uma posição da prefeitura, a reportagem esteve na SAAEP. Na primeira vez foi informada que o expediente para o público externo era até as 12 horas. No dia seguinte o jornal retornou no órgão responsável pelo abastecimento e não pôde falar com o gestor Edvando Cabral. Segundo informações , ele estava na zona rural participando de uma inauguração na Vila Sanção.
Na SAAEP, o jornal foi informado que o abastecimento de caminhões-pipas estava suspenso porque a prefeitura estava inadimplente havia três meses. O jornal ficou sabendo que depois de muita negociação, os proprietários de veículos de abastecimento de água tinham voltado a trabalhar na esperança de receber o atrasado até a semana que vem. Caso o compromisso não seja honrado a possibilidade uma nova paralização é líquida e certa. Aliás, deve-se dizer que seguidamente há interrupção dos serviços por falta de pagamento por parte da prefeitura.
A informação causa estranheza, porque a prefeitura de Parauapebas nunca arrecadou tanto quanto agora, inclusive ele estaria com mais de R$ 100 milhões em caixa. Se com tanto dinheiro não pode pagar um dúzia de pais de famílias que prestam serviço à administração, é caso de se perguntar qual seria a serventia de tanto dinheiro que tem entrado na caixa registradora.
Referente a oferta de água tratada para a população, a informação que foi passada ao jornal é que a ETA está praticamente pronta, entretanto, a falta de energia estaria impedindo de o equpamento estrar em funcionamento. Segundo Orlando Meneses, da secretaria de Obras, a Rede/Celpa informou que até o final do ano o problema de energia de baixa qualidade estaria solucionado.
3 comentários:
nós vivemos na cidade do "NÂO TEM"
_não tem água
-não tem luz de qualidade
-não tem internet de qualidade
-não tem saneamento básico
-não tem hospital
-não tem banco
-não tem fiscalização
-não tem telefone de qualidade
-não tem respeito no transito
-não tem se quer um 190 local
Marcel, Parabéns pelo reportagem publicada no jornal hoje. Esse tipo de imprensa, que fala o que acontece na cidade está fazendo falta. Continue assim. Parabéns pelo blog, que também e stá muito legal.
Lucena
Marcel, aqui é o Cícero, você já deve está acostumado com meus comentários, mas quando a gente vê matérias bem feitaas como essa da falta de água no Liberdade II a gente fica feliz de vê que pessoas como você são importantes na sociedade. A única observação é que o problema não acontece só no bairro LIberdade, a maioria dos também não tem bairros não tem água.
Abraços, Cícero
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