Ainda tem gente que acredita no imponderável; no milagre do despertar da vontade de se fazer alguma coisa útil; de que nos últimos estertores de um governo incompetente e perdulário, surja alguma coisa de espetacular, daquelas que ficam na história.
Com a credulidade inocente dos que ajuntam brasa para a fogueira alheia, ou com a má fé, ou a volatilidade dos que se vendem por 30 moedas de prata, esses acabam sendo o principal instrumento para que uma cambada marota se mantenha no poder. Imagino as muitas gargalhadas que a turma marota dão ao olhar para a cara de paisagem dos inocentes úteis, que ainda vasculham na gramática adjetivos para tachar os que se insurgem contra a malta que se refestela com o suor da maioria, ou que tentam achincalhar qualquer movimento que apareça para passar o município a limpo.
Ainda não perceberam que estão fazendo o jogo da nova elite, que até um dia desses era pobre de marré, marré, andava de bicicleta e coisa e tal, se escondia nas ONGs de procedência duvidosa, ou nas empresas prestadoras de serviço de Carajàs e hoje é dona de fazendas com 40 tanques de peixe e prédio de 11 andares.
O que esperam os que estão com cara de paisagem? Um novo Antônio Conselheiro, capaz de ajuntar os desassistidos e os que sofrem na fila do hospital, ou os que moram nas encostas dos morros? Melhor, por acaso esperam um surto de competência de um governo que está “do nada para o acabou-se”? Vai doer, mas eu vou dizer. Não surgirá nada de espetacular nos próximos meses. Nem da parte do governo, que continuará ruim, ainda que construa o hospital e que dote a cidade de saneamento básico e asfalto, nem da parte da oposição, que não tem coelho na cartola e é composta por pessoas normais, que erram e acertam, alguns pediram voto em 2008 para o atual prefeito (eu também pedi em 2004), que participaram do governo, que acordaram um pouco tarde, mas acordaram, ao contrário de muitos que continuam dormindo, ou fingindo que dormem, o que é pior.
Não existe mágica, não há projeto pronto, não há como sugerir a um governo que renuncia receita, como foi o caso de R$ 47 milhões que ele deixou voltar, pelo simples fato de que eram da União e que seriam auditadas. O governo vai de mal a pior, mas ainda assim não está fora do jogo.
Só uma última observação. Ao contrário de uma partida de futebol, que às vezes apresenta um providencial empate, que muitas vezes limpa a barra dos competidores, na política não existe isso. Se ganha ou se perde. A diferença é que se perder, perde todo mundo, inclusive os que hoje estão com cara de paisagem.
(artigo publicado no jornal HOJE, 449 - Coluna do Marcel)
sexta-feira, 11 de março de 2011
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Um comentário:
Caro amigo Marcel, você, mais do que ninguém, sabe o motivo que me levou a ficar ausente por um tempo das discussões políticas. Não vou me alienar, porém, não consigo admitir que alguns achem que são melhores dos que aí estão. "Figurinhas repetidas não completam albúm". Como falei em outra oportunidade, devemos trabalhar uma terceira via, o povo já está farto de ver e ouvir lobos em pele de cordeiros, pessoas que se acham acima do bem e do mau, falando até no Fantástico, se auto intitulando os "salvadores da Pátria". Vão se catar, vocês "BLOCÃO" ou "BROCÃO", já passaram pela administração ou pelo legislativo, alguns pelos dois, e o que fizeram? Se locupletaram, querem que eu traduza? "ENCHERAM-SE EM DEMASIA; TORNARAM-SE RICOS, EM GERAL POR MEIOS POUCO HONESTOS", vocês pensam que o povo é burro é? TERCEIRA VIA NELES. "E VIVA O POVO BRASILEIRO".
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