"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


domingo, 19 de dezembro de 2010

'Se houver dificuldades, Lula poderá voltar’


De Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, futuro secretário da presidência da República do governo Dilma, em entrevista exclusiva ao Globo:

- A gente vai perder a coisa muito espontânea, calorosa do presidente. Ele, o tempo todo, até quando dá broncas — e não são poucas nem fáceis —, em seguida faz uma brincadeira, uma gozação.

- A Dilma tem uma incrível capacidade de aprendizado. Se você é uma pessoa que nunca tenha sido candidata e, de repente, ter nos ombros uma candidatura à Presidência da República, e com a obrigação de ganhar, é uma carga muito grande. E ela era subestimada. Sentar naquela cadeira traz um peso e uma responsabilidade. Ela vai continuar, com os mais próximos, dando broncas, como ele também fazia. Para algum lado, o cara tem de explodir.

- Nesta história tem uma coisa que é do jogo: nunca o governo vai estar satisfeito com a imprensa, e vice-versa. Porque é da tensão natural das coisas. Mas não me lembro de um único fato de ameaça à liberdade de imprensa neste governo. O que ele (Lula) se deu o direito? De criticar a imprensa. E toda vez que ele faz uma crítica, vira chavismo. Com Dilma, ela terá uma leveza em relação a isso.

- As falhas foram muitas. Não conseguimos mudar o modelo de gestão do Estado. Não conseguimos inovar suficientemente na modernização da máquina e ganhar eficiência. Na corrupção, apesar de todo o nosso esforço — a Polícia Federal entrou aqui no Palácio, pela primeira fez, fiscalizou os nossos, coisa que antes não fazia. Apesar disso, há uma frustração de ver que a cultura da corrupção continua. No nosso governo, os elementos da corrupção ficaram mais expostos, coisa que antes estava debaixo do tapete. E não dá para não mencionar o assim chamado mensalão.

- Eu avalio que [ a candidatura de ilma] foi uma enorme teimosia dele [Lula], sob, inclusive, a descrença de muita gente aqui dentro do Palácio, que não sabia se seria possível fazer da Dilma uma pessoa com viabilidade eleitoral. Alguns até diziam que ele escolheu a Dilma porque, se perdesse, não perderia nada. Mas não era assim. Ele falava que íamos ganhar.

- Eu acho que essa é uma questão [uma nova candidatura Lula] muito aberta na cabeça dele. A minha opinião é que ele vai ficar olhando a conjuntura. Num cenário de a Dilma fazer um governo bom, é evidente que ela vai à reeleição. Se houver dificuldades, e ele for a solução para a gente ter uma vitória, ele pode voltar. Isso não é um dogma para ele.

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