De Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, futuro secretário da presidência da República do governo Dilma, em entrevista exclusiva ao Globo:
- A gente vai perder a coisa muito espontânea, calorosa do presidente. Ele, o tempo todo, até quando dá broncas — e não são poucas nem fáceis —, em seguida faz uma brincadeira, uma gozação.
- A Dilma tem uma incrível capacidade de aprendizado. Se você é uma pessoa que nunca tenha sido candidata e, de repente, ter nos ombros uma candidatura à Presidência da República, e com a obrigação de ganhar, é uma carga muito grande. E ela era subestimada. Sentar naquela cadeira traz um peso e uma responsabilidade. Ela vai continuar, com os mais próximos, dando broncas, como ele também fazia. Para algum lado, o cara tem de explodir.
- Nesta história tem uma coisa que é do jogo: nunca o governo vai estar satisfeito com a imprensa, e vice-versa. Porque é da tensão natural das coisas. Mas não me lembro de um único fato de ameaça à liberdade de imprensa neste governo. O que ele (Lula) se deu o direito? De criticar a imprensa. E toda vez que ele faz uma crítica, vira chavismo. Com Dilma, ela terá uma leveza em relação a isso.
- As falhas foram muitas. Não conseguimos mudar o modelo de gestão do Estado. Não conseguimos inovar suficientemente na modernização da máquina e ganhar eficiência. Na corrupção, apesar de todo o nosso esforço — a Polícia Federal entrou aqui no Palácio, pela primeira fez, fiscalizou os nossos, coisa que antes não fazia. Apesar disso, há uma frustração de ver que a cultura da corrupção continua. No nosso governo, os elementos da corrupção ficaram mais expostos, coisa que antes estava debaixo do tapete. E não dá para não mencionar o assim chamado mensalão.
- Eu avalio que [ a candidatura de ilma] foi uma enorme teimosia dele [Lula], sob, inclusive, a descrença de muita gente aqui dentro do Palácio, que não sabia se seria possível fazer da Dilma uma pessoa com viabilidade eleitoral. Alguns até diziam que ele escolheu a Dilma porque, se perdesse, não perderia nada. Mas não era assim. Ele falava que íamos ganhar.
- Eu acho que essa é uma questão [uma nova candidatura Lula] muito aberta na cabeça dele. A minha opinião é que ele vai ficar olhando a conjuntura. Num cenário de a Dilma fazer um governo bom, é evidente que ela vai à reeleição. Se houver dificuldades, e ele for a solução para a gente ter uma vitória, ele pode voltar. Isso não é um dogma para ele.
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