Na última sessão extraordinária, ocorrida no dia 23, o vereador Eusébio Rodrigues foi eleito presidente da Câmara de vereadores para o período legislativo de 2011. Para quem acompanha as movimentações do Legislativo de forma superficial, a eleição do petista foi algo surpreendente, entretanto, ao se mergulhar com mais profundidade nos lances dos últimos dois meses, estava determinado que a cadeira de presidente seria ocupada pelo parlamentar acima citado, em prejuízo de Antônio Massud (PTB), que à primeira vista seria favorito disparado.
Não há como negar que a unanimidade dos votos dos vereadores presentes, declarados a favor do vereador do PT foi uma vitória com V maiúsculo do partido, que deu uma significativa demonstração de força. Deve-se dizer, entretanto, que para que Eusébio se assentasse na cadeira de presidente foi necessário muita articulação, altas dosagens de pragmatismo, interesses financeiros e por fim, a rasteira propriamente dita, dessas de se jogar na lata do lixo os acordos assinados anteriormente.
Antes de ser uma iniciativa pessoal, pode-se dizer que a candidatura de Eusébio nasceu dentro do partido, mas, para se tornar vitoriosa, teve que contar com a fundamental ajuda do prefeito Darci Lermen, logo, ele, demonizado pela maioria dos filiados do partido e principalmente, suplantar a candidatura do vereador Antônio Massud (PTB), dada como favas contadas, uma vez que havia um acordo assinado no final de 2008, no qual estabelecia-se que o primeiro ano (2009) a Câmara seria presidida por Eusébio Rodrigues. 2010 seria o ano do vereador Adelson Fernandes (PDT), Massud estaria frente do Legislativo em 2011, ficando o vereador Zé Alves (PT) com o ano de 2012.
Por ter maioria na Câmara, os vereadores escolhidos para presidir o Legislativo eram da base do governo. Além de Eusébio, Massud, Adelson e Zé Alves, Wolner Wagner (PSDC), Israel Barros , o “Miquinha” (PT), Raimundo Vasconcelos (PT), davam a sustentação necessário e participam da Mesa Diretoria da Câmara com freqüência.
O vôo solo de Massud
O vôo solo de Massud
O projeto de Massud começou a fazer em setembro, quando foi anunciada a candidatura a deputado federal. A decisão do vereador acabou por contrariar a cúpula petista, que contava com o seu apoio para Carlos Puty, candidato a federal com o apoio do prefeito Darci Lermen e da governadora Ana Júlia. A recusa e Massud em apoiar Ana Júlia que buscava a reeleição ao governo do Estado e Milton Zimm er para estadual o colocaram em rota de colisão com o PT. A situação se agravou ainda mais quando nas reuniões e comícios que participava, o vereador tinha comportamento de oposição. Para a direção do partido, Massud e Adelson Fernandes (que apoiou Valmir da Integral) deveriam deixar a base do governo e entregar as secretarias de Urbanismo e Saúde, respectivamente. “ Se dependesse da direção do PT, a secretaria de As[ude ter que ser requerida, quando o JB, presidente do PDT divulgou um manifesto chamando o PT de corja de bandidos. Já Massud deveria entregar a secretaria quando passou a criticar o governo na campanha eleitoral”. Para Taveira, a movimentação do partido, seria um espécie de expurgo com aqueles que não se poderia contar nas eleições de 2012.
Articulações e passe valorizado
Apesar de ter boas possibilidades de conquistar a presidência, O PT precisou da iniciativa do prefeito, Darci Lermen. Há dois dias da eleição, o placar apontava sete votos a favor de Massud, enquanto Eusébio contava apenas com os quatro votos petistas. Enquanto Massud trabalhava para garantir os votos que lhe dariam a vitória, refazendo acordos e prometendo ajudar vereadores que estavam em dificuldade, como Wolner Wagner (PSDC), Eusébio tentava atrair Odilon Rocha (PMDB) e Faisal Salmen (PSDB) para o seu lado, mas sem resultados muito animadores. Por uma questão partidária, (o PSDB tem uma tradição de oposição ao PT), Faisal garantia o voto a Massud, enquanto Odilon era incentivado pela companheira de partido, Francis Resende a permanecer na oposição. Diante disso, o PT concentrou suas baterias no vereador Wolner e na vereadora Percilia Martins. Apesar de ter garantido o voto para Massud e ter sido uma dos que assinaram o acordo de 2008, desde o início o vereador do PSDC mostrara uma certa ambigüidade, detectada como um solo Fértil para uma possível deserção das fileiras de Massud. No caso da vereadora Percília, uma antiga negociação, que já demandava quase seis meses sinalizava que os Serviços Autônomos de Água e Esgotos de Parauapebas (SAAEP) voltariam à baila no episódio.
Com o passe cada vez mais valorizado, Wolner recebia propostas dos dois candidatos, mas, para alguns interlocutores garantia que votaria no candidato do PTB, entretanto, o que a reportagem ficou sabendo é que Massud estranhara a recusa de Wolner em participar da Mesa. Seria um indício de mudança de voto?
Possivelmente não, Segundo consta, o chefe de Gabinete, João Fotana, a quem Wolner devia parte do seu mandato, pedira para que ele votasse em Massud. Durante um evento realizado na noite da segunda-feira, alguns jornalistas se aproximaram de Wolner querendo saber o destino do seu voto, mas sem sucesso. Informações obtidas pela reportagem dão conta que o vereador do PSDC havia recebido uma mensagem de que o prefeito iria falar com ele.
Segundo Massud até o dia anterior, o voto da vereadora Percília tinha reconfirmado o voto para ele, mas mas a política ainda iria dar uma demonstração de que tudo era transitório.
Darci entra em campo
Na terça-feira 14, no lançamento da pedra fundamental do novo prédio da Câmara, apenas uma ausência foi sentida. Enquanto os vereadores discursavam, falando da importância do novo prédio, a vereadora Percília Martins, juntamente com o esposo Devanir Martins recebia a portaria de que os Serviços Autônomos de Água e esgoto de Parauapebas (SAAEP), iriam para o PRTB. Depois de entregar a portaria para Wilson da Silva, braço-direito de Devanir Martins, Darci teria dado as boas vindas para o PRTB, que agora fazia parte da base do governo e como base deveria votar no candidato do governo, ou seja, Eusébio Rodrigues.
O modus operandi utilizado para convencer Wolner Wagner foi o mesmo. De acordo com informações obtidas, perto do meio-dia da terça o prefeito se reunia com Wolner Wagner. No diálogo, lhe foi prometida a secretaria de Meio Ambiente, cujo titular, Domires Reis estaria demissionário, em virtude de o presidente do PV, Raimundo Cabeludo ter entregado o cargo.
Com dois votos a menos e a eleição perdida, na reunião que antecede a sessão, Massud ainda tentou virar o jogo, mas percebeu que não tinha muito a negociar. Com cinco votos apenas não restava outra coisa a fazer senão articular com o vereador Faisal Salmen a suspensão da sessão de votação, acatada pelo presidente da Casa, Adelson Fernandes, que tirou a eleição da pauta, mas já se sabia que o cenário não se modificaria. Os argumentos utilizados pelo prefeito foram convincentes demais.
Eleito presidente no dia 23, Eusébio tem muitas atribuições a lhe esperar, inclusive a construção do prédio da Câmara. Já Massud, além da derrota, precisa dar a volta por cima. Não será fácil. Talvez tenha confiado demais na palavra dada e até em documentos assinados, que no final se revelaram de pouca serventia. Enfim, vida que se segue.
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5 comentários:
Eu, eu, eu, o Massud se f...
Apesar de Massud não ser lá grande coisa, o episódio mostra o quanto o PT de Parauapebas não honra compromissos.
Marcel, eu estive alguns dias viajando e só agora estou voltando a acessar seu blog, que considero um dos melhores de Parauapebas, se não o melhor. Gostei demais da análise que você fez sobre os bastidores da eleição da Mesa Diretoria da Câmara. Os acontecimentos do fim de anos nos levam a refletir como são vãos os compromissos assumidos na política.
Parabéns pela matéria.
Cícero
Obrigado pelas palavras. Na verdade, antes de ser uma análise, a reportagem é um retrato do que foi tratado nos últimos dois meses, quando o PT decidiu que não teria porque entregar a presidência da Câmara de 2011 e 2012, já que tinha a maior bancada. Concordo com você, quando fala da fragilidade da palavra dada na política.
Marcel Nogueira
Já tinha lido a matéria no jornal HOJE e gostaria de afirmar que não foi bem assim que aconteceu. O vereador Massud sempre foi um político que era muito caro para a prefeitura, basta ver a quantidade de pessoas que ele empregou na prefeitura. Massud já vai tarde.
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