Feito um João Batista pós-moderno, sem peles de cabras sobre os ombros, ou gibão, Faisal segue com seu discurso. De tão repetitivo, às vezes parece um samba de uma nota só, mas ele não liga; no fundo sabe que o aprendizado vem com a repetição.
Anestesiada como nos tempos bíblicos de Sodoma, a sociedade quase não liga, talvez porque imagine que 28, 30 anos é tempo demais. Talvez seja tempo demais para a alienação geral, viciada no fausto inconsequente dos anos de ouro em que vivemos, na dádiva da natureza que esculpiu uma montanha de ferro bem no nosso quintal e na velocidade que incontáveis composições ferroviárias cortam a serra e levam para São Luís milhões de toneladas de ferro todos os anos; Talvez seja tempo demais para quem já dobrou o cabo da Boa Esperança e saiba que não lhe restam tantos anos assim. Mas talvez seja tempo de menos para quem mal começou a viver, ou para os que nem nasceram ainda.
A figura messiânica de Faisal incomoda porque ele fala de coisas que nem sempre queremos ouvir. Fala que estamos construindo nossa história com reveses. O último deles foi a perda da siderúrgica para Marabá, fato pouco lamentado e até passado em brancas nuvens na terra de muro baixo..
A verdade é que durante anos aprendemos que o ferro de Carajás é infinito. Nos anos 80 se falava em 350 anos, depois esse tempo diminuiu consideravelmente para 150 anos, mas, ainda assim, era muito tempo. Hoje se sabe (e a Vale não refuta esses números) que o ferro de Carajás é coisa para 50 anos (tem ainda o ferro da Serra Sul, mas não se pode esquecer que a jazida é de Canaã dos Carajás). Um detalhe deve avaliado. A Vale planeja aumentar a produção em 30% nos próximos anos, o que significa dizer que o tempo de vida de Carajás também diminui 30%, ou seja, o tempo de vida de Carajás é de 28 anos.
A última vez que Faisal alertou par ao fato foi no último Sábado, mas, ao que parece, pouca gente se importou e alguns fizeram até cara de paisagem.
Vinte e oito, trinta, quarenta, um pouco mais, um pouco menos. Estamos com uma bomba-relógio acionada e pouca gente se dá conta. Ainda que os mais velhos passem dessa para melhor sem colher as consequências da exaustão de Carajás, os nossos filhos terão problemas.
O que estamos fazendo? Será que estamos trabalhando na construção de uma nova matriz econômica, capaz de garantir o desenvolvimento e a continuidade da cidade após a exploração do minério de ferro? Será que estamos nos mobilizando para obrigar a Vale a trabalhar para dotar o município de novas alternativas? Por enquanto estamos apenas torrando de maneira perdulária os quase R$ 50 milhões que caem na conta do município todo mês e que farão muita falta no futuro.
(Artigo publicado no jornal HOJE, edição 448 - Coluna do Marcel)
Você Sabia?
Há 5 horas
3 comentários:
São Luís é apenas um entreposto, o minério de ferro de Carajás tem outro destino. Mas não é somente o fato de durar 30, 29, 28 ou coisa parecida que deveria preocupar o edil, pior que isso é o modelo "colonial" que a Vale reproduz em nossa economia. Pior que é isso foi a "liquidação" da outrora Vale por uma gangue que ocupou o planalto central nos idos de 1994 a 2002. Pior que isso foi a lei Kandir ajudou a drenar ainda mais nossas riqueza, dreno, que lembro ao incauto jornalista ser São Luís mera passagem.
Como se vê, Faisal é um dos grandes responsáveis pelo modelo que esgota nosso minério, nosso sangue e, pelo jeito, a honestidade de muitos.
Não custa lembrar que o jornalista que tanto defende CPI disso e daquilo é o mesmo, que numa simbiose puritana, associa-se ao único político de Parauapebas que já foi condenado por improbidade e afastado da vida pública por 8 anos!
Meu Deus, ainda vamos te ouvir dizer: fica Darci, te amo Darci! (rsrsrsrsrsr)
É incrível como essas pessoas têm capacidade para tirar o foco das coisas. Ao invés de se preocupar com uma coisa que é real, o cara começa a falar do sexo dos anjos e falar mal de quem está tentando alertar a sociedade para um fato qu ep ode desgraçar a vida de todos nós. Para com isso, meu, ou vai embora da cidade.
Olha só o sujo falando do mal lavado. Faisal é uma b... imagine o prefeito Darci, que não faz nada e ainda some com o dinheiro.
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