"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 14 de maio de 2010

Parauapebas 22 anos: há razões para comemorar?

Prefeitos Faisal Salmen, Chico das Cortinas, Bel Mesquita e Darci Lermn

Marcel Nogueira - Parauapebas, município conhecido em todo o Estado como referência em desenvolvimento. Atraídos pela possibilidade de empregos e melhores condições de vida, milhares de pessoas aqui chegam todos os meses.

Impulsionado pela vocação extrativista de minério de ferro, Parauapebas viu sua arrecadação quadruplicar em um pouco mais de uma década. O Ferro de Parauapebas, que alimenta os fornos das megas siderúrgicas da China e de outros países fez da Vale a segunda maior mineradora do mundo, com produção média de 100 milhões de toneladas por ano.

Considerando essas condições poderia se dizer que Parauapebas teria muito a comemorar na passagem do seu 22º aniversário, certo? A resposta é sim e não, dependendo da análise e da visão de cada um.

Pontos positivos

Pontos positivos não faltam à cidade e devem ser creditados á iniciativa privada e ao espírito empreendedor dos que aqui chegam. Tida como um Eldorado, ao longo do tempo Parauapebas foi um oasis de ofertas de boas condições de vida. Os empregos abundantes de Carajás e a cidade em expansão fizeram a fama da cidade e o resultado foi o crescimento vertiginoso da população.

Como era esperado, a procura por casa própria ou aluguel se tornou maior do que a oferta e o preço do imóvel se tornou absurdamente caro, um dos maiores do país. Nos últimos tempos, um dos negócios mais lucrativos da cidade são os loteamentos.

A partir dos anos 90 uma grande quantidade de empresários se deslocou para Parauapebas. Grandes conglomerados inauguraram filiais e a cidade adquiriu ares de metrópole.

Segunda maior arrecadação do Pará, (só perdendo para a capital do Estado, quarta cidade em qualidade vida e um mercado consumidor poderoso, que puxa o desenvolvimento para cima. Por esse prisma há muito a comemorar, o que não deixa de ser uma verdade.

Problemas
Se a iniciativa privada caminha muito bem, o mesmo não se pode de um setor que deveria liderar o desenvolvi mento da cidade. A bem, da verdade, Parauapebas sempre teve problemas com os seus gestores, que ainda não conseguiram devolver em forma de benefícios pelo menos uma parte da enorme arrecadação do município.

Faisal Salmen, Francisco Alves de Souza, o “Chico das Cortinas”,Bel Mesquita e Darci Lermen fôramos gestores nesse pequena história de vida do município. Nos primeiros anos, a arrecadação nem de longe se parecia com o que vemos hoje, de modo que todas as comparações devem levar em conta esse detalhe.

Com uma receita média de R$ 30 milhões, o que significa dizer que entram nos cofres do município algo em torno de R$ 400 milhões por ano, a cidade ainda convive com problemas que há muito deveriam ter sido extintos da realidade local. Menos de 30% da cidade têm coleta de esgoto e a distribuição de água não atende a 50% da zona urbana. A bem da verdade, o sistema que hoje existe na cidade foi instalado no distante 1995, na época do prefeito Francisco Alves de Souza, o “Chico das Cortinas”, que conseguiu junto ao Banco Mundial, com o aval da Vale, um empréstimo de U$ 14 milhões para dotar a cidade de água tratada. Esse sistema está completamente estrangulado e há quatro anos a cidade é submetida a um racionamento.
O abandono não pára por aí. Uma simples volta na periferia da cidade é suficiente para perceber que existem duas Parauapebas. A que faz parte do cartão postal da Cidade Nova é urbanizada, mas, a Parauapebas da periferia é carente de tudo. Bairros como o Liberdade II, Betânia, Novo Horizonte, Altamira Residencial Bela Vista, Jardim América sofreram muito com a lama e a chuva do inverno e devem passar por maus momentos com o poeira do verão que se aproxima.

Em alguns bairros, como Liberdade II, Caetanópolis, parte do Bela Vista, Jardim América e Betânia a água só chega por meio de caminhões-pipas, que às vezes demoram mais até quatro dias para fazerem o abastecimento.
Obras

Obras eleitoreiras
Mesmo com a quantidade de recursos que entram nos cofres municipais desde 2007 apenas quatro obras foram tocadas pela prefeitura e infelizmente, todos elas eleitoreiras, com o firme propósito de pavimentar a reeleição do atual prefeito, Darci Lermen.

A revitalização do canteiro central talvez tenha sido a obra que mais tenha dado mais certo e conseqüentemente rendido mais votos. A substituição das passarelas de bloquetes por blocos de cerâmica, os estacionamentos ao longo da rodovia PA-275 e nova iluminação são o ponto alto do local que é uma espécie de cartão-postal da cidade. A pesar dos pontos positivos, a administração Darci Lermen perdeu a chance de duplicar as pistas das ruas E e F. Hoje o trânsito já se mostra estrangulado nos horários de pico e é quase certo que o próximo prefeito tenha que duplicar essas vias públicas.

O acerto na revitalização do canteiro central não impediu a prefeitura de iniciar obras desastradas e que estão no rol das dos serviços obsoletos e da gastança generalizada, com o propósito de amealhar votos. A primeira delas carrega o nome de ponte sobre o igarapé Ilha do Coco II, na saída da cidade. A ponte, desde a inauguração deu sinais de que não agüentaria o tráfego e em fevereiro de 2009, ruiu completamente. Hoje, depois de mais de um ano a prefeitura tenta reergue-la, mas a informação que se tem é que a empresa responsável pela reconstrução da ponte paralisou os serviços por falta de pagamento.

Hospital – O hospital, que hoje não passa de um esqueleto de concreto, orçado em R$ 8 milhões foi outra obra que foi erguida visando as eleições de 2008. Depois das eleições a obra foi abandonada e de certa maneira o embargo da Secretaria estadual de Saúde foi até bem vindo, já que não havia o menor interesse de terminar o hospital. Hoje, há informações na prefeitura de que os valores para a construção do hospital foram calculados de forma errada; na verdade seriam mais de R$ 20 milhões para deixar o hospital em funcionamento.

Fechando o circulo, a prefeitura, inaugurada com pompa no dia 19 de dezembro traz mais dúvidas do que certezas. A sua localização, no pé de uma montanha, com vários muros de arrimo demonstram a preocupação da prefeitura de um desmoronamento; o acesso pouco colabora para a afluência do público, que para chegar à prefeitura precisa fazer uma longa volta pelo Beira Rio II, ou pelo Jardim Canadá.

Depois de seis meses da inauguração finalmente o paço administrativo entrou em funcionamento. O motivo do atraso foi que no projeto original esqueceram-se de fazer a canalização interna do ar condicionado e da rede para internet. O autor da incompetência que faz a prefeitura gastar mais algumas centenas de milhares de reais no aluguel do espaço na beira do rio Parauapebas, nas proximidades da portaria da Vale ainda não apareceu.

Diante do exposto, cabe a cada um concluir se há razões para comemorar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Razão par comemorar? cê tá brincando. Parauapebas só não quebrou porque tem um potencial tão grande que nem mesmo a ganãncia dos prefeitos e dos mal intencionados que os rodeiam consegue quebrar Parauapebas. ia me esquecendo, Parabéns ela matéria, muito boa mesmo.
José Raimundo

Anônimo disse...

Meu irmão parabéns pelo seu trabalho - reconheço a importância de ter pessoas como você defendendo nossos anseios.
Pois bem: Pela retidão que lhe é peculiar acredito que pode tirar algumas duvidas: Temos uma escola que durante o dia é municipal e a noite estadual - a ponte na avenida liberdade feita pelo município e depois pelo estado também terão dois nomes? Os milhões que vieram do estado para construção do hospital(outdoor 2008) prá onde foi a grana? E os milhões que conseguimos para saneamento?
Onde foi afixada a placa informando o valor e prazo do posto no bairro Jd canadá?
Porque iremos fazer um teatro na cidade nova para 200 pessoas se hoje não temos estacionamento suficiente no entorno? Porque não fazer no Beira Rio que fica no centro geográfico da cidade e tem bons acessos? Reflita sobre o estádio - a maior burrice - congestiona todo o entorno - dinheiro "jogado" fora.
Abraço. Ainda tem meu voto