Vendido como um negócio da china, capaz de impulsionar a economia do município e gerar milhares de postos de trabalho, o Ramal Ferroviário, uma estrada de ferro que transportará o ferro do Projeto S11D, localizado em Canaã dos Carajás até o pátio de carregamento da estação ferroviária de Parauapebas a cada dia se parece mais com um tremendo presente de grego.
Segundo as informações repassadas na audiência, o percurso do ramal será de 101 quilômetros, interligando a área do projeto de mineração Ferro Carajás S11D, à Estrada de Ferro Carajás, em Parauapebas. A previsão é de que a obra seja executada em 33 meses, com início logo após a liberação Licença Ambiental.
Deve-se dizer que o projeto da Vale não terá vida fácil. Um relatório da secretaria de Meio Ambiente do município deixa claro que o meio ambiente será muito afetado e desaconselha o município a dar a licença para a implantação do ramal.
Outro relatório do Movimento dos Atingidos pela Mineração, composto por várias entidades também prevê que o empreendimento causará enorme demanda e pressão pelos serviços públicos, além da criação de novos bolsões de miséria. Suas imediatas conseqüências serão violência, prostituição infantil, ocupação desordenada do solo etc.
Empregos temporários - Apesar de o ramal prevê a abertura de cerca de três mil postos de trabalho durante a implantação, sabe-se que o grosso desse número é composto de empregos temporários, que serão desmobilizados durante a fase de operação.
A informação levada à população pelo diretor do projeto, Renzo Albiere, da Vale, que afirmou que a Vale iria colocar em prática 26 programas ambientais e sociais com o objetivo de evitar e ou diminuir alterações no dia a dia das pessoas e do meio ambiente foi contestada. Segundo o historiador Leônidas Mendes, o ramal alteraria a vida do município, “segundo estudos, o município deve receber um novo fluxo migratório, de cerca de 35 mil pessoas, o que acarretaria transtornos em muitas áreas, principalmente nas de educação saúde e segurança”.
O rosário de inconvenientes não pára aí. Os mais de nove mil metros de perímetro urbano que devem ser cortados pela ferrovia devem impactar consideravelmente no cotidiano da cidade, a começar pelo barulho ensurdecedor que os moradores do entorno serão submetidos. Pelas previsões da Vale, que sinaliza para 90 milhões de toneladas de minério de ferro já nos primeiros anos de exploração do projeto S11D, serão dezenas de composições ferroviárias fazendo os 101 quilômetros de percurso nos dois sentidos.
A linha de trem, margeada por muros dividirá a cidade em dois blocos, Evidentemente que a parte daquém do muro exibirá índices maiores de desenvolvimento, enquanto o perímetro após o ramal será considerado periférico, o que prejudicará o preços dos imóveis, além de inaugurar uma espécie de gueto social, no qual moradores desse perímetro podem vir a se sentir cidadãos de segunda classe. O risco de acidentes também não pode ser descartado, haja vista a quantidade matérias publicadas de acidentes envolvendo trens de passageiros e de carga nos jornais de Marabá. Como se sabe, a estrada de ferro Carajás corta o município vizinho, na altura do Km 07.
Analisando demoradamente o projeto, é difícil (para não dizer impossível) encontrar alguma situação que beneficie o município, entretanto, é provável que a ferrovia aconteça.
Diante do inexorável, o que restaria ao município? Nesse momento, um melhor direcionamento por parte das autoridades, cuja atribuição é defender os interesses do município. É inconcebível que a contrapartida por uma concessão vitalícia, que não poderá ser revista no futuro fique na casa dos R$ 12 milhões, cuja proposta foi oferecida pela Vale, ou R$ 20 milhões como chegou a negociar o prefeito Darci Lermen, para depois se arrepender e suspender a negociação, depois que o HOJE divulgou a transação.
Mesmo a universidade em troca da concessão seria algo irrisório diante da magnitude do projeto e os impactos negativos que o ramal iria causar. Além disso, se poderia pensar em outras possibilidades, como a construção do aterro sanitário, a implantação de um fundo soberano entre a prefeitura e a mineradora, nos moldes que existe hoje em Itabira -MG.
Com se vê, há muitas alternativas, mas nada cai do céu, é preciso muito suor e até algumas lágrimas.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
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