Blog Manuel Dutra
Quem leu o artigo "Tapajós, Carajás, a guerra ainda nem começou", que publiquei aqui em 20 de maio, saberá do que escrevo agora. O decreto legislativo assinado pelo presidente do Senado, José Sarney, autoriza apenas o plebiscito sobre Carajás, a ser realizado dentro de 6 meses a contar do dia 26 de maio passado.
Esse (possível) golpe já era previsto por muitos, menos pelos que pensam que criar um Estado se faz com foguetório e convescotes. Até as pedras sabem que um plebiscito em separado, para as duas regiões, é derrota certíssima e, numa provável campanha, nem o governo do Pará nem os demais adversários precisarão gastar um tostão nem saliva.
Uma das razões da protelação sobre o Tapajós ou foi burrice ou já era o golpe em andamento: o hoje licenciado deputado Asdrúbal Bentes, do PMDB, incluiu a região do Xingu no antigo projeto do Tapajós, fazendo, com isso, que o projeto original fosse alterado e necessitasse de nova apreciação da Câmara. Atrasado, o projeto do Tapajós foi o biombo encontrado pelos adversários pera protelar o processo como um todo.
Ninguém, a rigor, se mostra contrário a um plebiscito, pois isso é, além de politicamente correto, um processo democrático de consulta popular. A questão é, neste caso específico, que tipo de plebiscito se realizará. Provavelmente do jeito que os adversários da emancipação desejam, sem nenhum efeito prático para os adeptos da criação dos novos Estados.
Outra coisa: quando sairá do plenário da Câmara o projeto do Tapajós? Se, quando entrar na pauta, será aprovado? Todos estes problemas decorrem da falta de lideranças no Oeste do Pará, não apenas neste momento, mas há décadas aquela região se ressente de lideranças com alguma competência.
Na hipótese de que a Câmara vote, ainda nesta semana, e aprove o plebiscito do Tapajós, a consulta popular poderá ser unificada? Os prazos previstos no decreto específico para o Carajás poderão ser os mesmos para o Tapajós?
segunda-feira, 30 de maio de 2011
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