De Merval Pereira:
O futebol no Brasil tem tanta importância que acaba se misturando com a política, explorado pelos governantes independentemente de sua inclinação esportiva. Cada vez mais jogadores de futebol são candidatos a cargos eletivos, como Romário este ano. E não é de hoje. Em 1927, o então presidente Washington Luís tentou se meter em uma partida de futebol e acabou desautorizado por Feitiço, um atacante do Santos.
Na final do Campeonato Brasileiro de seleções estaduais, entre Rio de Janeiro e São Paulo, no estádio de São Januário, um pênalti marcado contra o São Paulo, quando o jogo estava empatado em 1 a 1, provocou a ira dos paulistas, que se recusaram a continuar a jogar.
Presente ao estádio, Washington Luís ordenou que a partida fosse reiniciada, no que foi contestado por Feitiço de dentro do campo: "Diga ao presidente que ele manda no país. Na seleção paulista mandamos nós". E o jogo não recomeçou.
Vários presidentes entraram em disputa com técnicos da seleção brasileira, até mesmo Fernando Henrique, que não é dos mais fanáticos torcedores.
Pois, em 2002, ele engrossou o coro dos que queriam Romário na seleção e levou uma resposta de Felipão mais ou menos no mesmo teor da de Feitiço.
Lula certamente é o presidente mais ligado ao esporte, podendo seu gosto pelo futebol ser comparado com o do general Médici, que comparecia aos estádios de radinho de pilha no ouvido, fato muito explorado pela equipe de marketing da época.
Lula também explora essa ligação do brasileiro com o futebol, mas não chega ao ponto de tentar escalar um jogador, como fez Médici com Dario, provocando uma crise na seleção de 1970, que levou à demissão do técnico João Saldanha.
Agora mesmo está fazendo uma grossa demagogia, criando a Bolsa Copa para dar pensão a jogadores campeões do mundo em 1958, 1962 e 1970. Até agora só o grande Tostão recusou a prebenda.
(Blog do Noblat)
quarta-feira, 12 de maio de 2010
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